O senador Cruz Jobim (ES) afirmou que os religiosos cometeram não apenas um erro, mas um crime:
— Entendo eu que o placetum regium [beneplácito régio] é de absoluta necessidade, não só entre nós como está uso entre todos os países católicos, quer regidos pelo sistema monárquico, quer pelo republicano. E a resistência a ele deve-se considerar como um grande atentado, uma complicação nacional muito importante, sobretudo quando semelhante delito é cometido por pessoa tão eminentemente colocada, como é um bispo, que dá assim tão mal exemplo de menosprezo das leis.
Figueira de Melo (CE) opinou que os bispos não deveriam obedecer às ordens estatais porque a decisão que tomaram à frente das dioceses envolvia “assuntos espirituais”. Ele também argumentou que o governo, “incompetente” nessas questões, não podia “destruir as leis da Igreja”. Tratando especificamente do caso de Dom Vital, o senador disse:
— O bispo de Olinda mandou expulsar do seio da irmandade a um maçom reconhecido como tal, que pertencia a uma seita reprovada e excomungada pela Igreja. Pois poderemos supor que o bispo não tivesse essa autoridade, quando fazia senão executar as leis da Igreja, ouvir e atender a palavra do pastor universal, do bispo dos bispos, do sucessor de São Paulo, do vigário de Cristo na Terra?
Para o Visconde de Souza Franco (PA), essa raciocínio era absurdo:
— Fala-se em virtudes dos bispos presos. Mas que virtudes? Religiosas? Ascéticas [espirituais]? Não há também virtudes sociais, civis? Não há virtudes políticas? Não há virtudes morais? Será virtuoso aquele que ataca as leis de seu país? Há virtude no indivíduo que declara que as leis não devem ser obedecidas, que não se deve prestar obediência ao governo, que a Constituição é herética? Não é assim o país arrastado à anarquia? E aquele que é causa dessa tremenda calamidade pode merecer o nome de virtuoso?
Ele prosseguiu:
— Querem é que aceitemos tudo quanto as bulas [documentos papais] determinarem, que sejamos levados à mão pelos sacerdotes, pelos religiosos e pelos bispos e que nós e todos eles [sejamos levados à mão] pelo papa, tornando assim realizável ao vivo a parábola do pastor e das ovelhas. O que querem é reduzir-nos a animais de quatro pés guiados por um pastor, só ele homem, só ele racional.
Crédito: Agência Senado
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