
Desde o início de setembro, a Usina Cultural (Avenida Duque de Caxias, 4.159) está promovendo a oficina “O Imaterial como Patrimônio: Conceitos, Valores e Instrumentos de Salvaguarda para Práticas Culturais Tradicionais”, ministrada por Pamela Godoi. A atividade, que vai até 25 de outubro, é realizada aos sábados, das 9h às 11h. Ainda há vagas e os interessados podem fazer a inscrição totalmente gratuita, sem mensalidade, pela plataforma Sympla.
A oficina faz parte da programação do projeto “Ligando Pontos”, uma realização da Usina Cultural com recursos do governo federal através do Ministério da Cultura, por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura. Já a Usina Cultural conta com patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), gerido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
Godoi é professora e doutora em História Social, com atuação voltada à pesquisa e à preservação do patrimônio cultural. Ela explica que o patrimônio imaterial pode ser caracterizado por práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que são transmitidos de geração em geração e que dão identidade e continuidade a uma comunidade.
“O imaterial está ligado às práticas culturais das pessoas, envolvendo tradições, modos de fazer, celebrações, festas, músicas, danças, saberes ligados à natureza, religiosidade e até expressões linguísticas”, frisa.
Segundo a professora, é fundamental destacar que o patrimônio imaterial carrega muito dinamismo, já que ele sofre modificações e adaptações. Nesse contexto o imaterial se construiu não apenas pelas primeiras práticas, mas também pela continuidade geracional, movida pelo interesse da comunidade. “Em Londrina, há muitas práticas culturais que poderiam ser caracterizadas como patrimônio imaterial”, ressalta.

Como exemplos, Godoi cita as festas juninas e as folias de reis; eventos como Matsuri e ExpoLondrina. Além disso, há atividades recentes como as rodas de rimas e grupos de música com muitos anos de tradição como o Clube do Choro. Na área gastronômica, ela cita a “vitamina da Sergipe” e o “suco da Rodoviária”. “O patrimônio imaterial é aquilo que é vivido, geralmente de maneira coletiva e ligado à construção de uma memória coletiva.”
A preservação do patrimônio imaterial está regulamentada na legislação que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI). O programa é executado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Qualquer cidadão, grupos sociais, agentes da sociedade civil e as instituições das três esferas de governo podem solicitar o registro de um bem imaterial. O registro deve ser solicitado ao Iphan, com documentos que comprovem a relevância, a continuidade histórica e o valor para a memória e identidade nacional.

Bens londrinenses registrados
Pamela Godoi afirma que é preciso estar atento ao fato de que essas práticas só se tornam, efetivamente, patrimônio imaterial quando são registradas pela lei. Em 2024, houve alteração na legislação para adequar a nomenclatura dos bens caracterizados como imateriais (Lei nº 13.902/2024). A professora afirma que consta como bem imaterial de Londrina, a expressão ‘Pé Vermelho’. A Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel) e o Festival Internacional de Música de Londrina estão em processo de registro como bens imateriais.
“Quando a população e o poder público discutem a preservação do patrimônio imaterial, não se trata apenas de resguardar práticas antigas. Também é uma forma de dar visibilidade a tradições vivas que continuam a se transformar e reconhecer as novas práticas como importantes para a memória coletiva e para a identidade de Londrina. É um ato de responsabilidade e respeito, pois garante que essas manifestações sigam existindo e sejam transmitidas às próximas gerações”, conclui.
Texto: Assessoria de Imprensa da Usina Cultural.
Crédito: Prefeitura de Londrina
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