segunda-feira, setembro 22

Com profissionais fluentes em guarani, Samu Indígena atende 150 pacientes no primeiro mês

O primeiro Samu Indígena (SAMUi) do Brasil já atendeu 153 pessoas na Aldeia Jaguapiru, em Dourados, no Mato Grosso do Sul. O serviço foi inaugurado há um mês, e desde então, cerca de cinco pacientes são atendidos diariamente. Antes, os profissionais do SAMU 192 do próprio município de Dourados prestavam socorro aos indígenas da reserva. A equipe conseguia atender em média duas pessoas por dia.

Filho de pai indígena, nascido e criado na aldeia, Everton Pontes é um dos 14 profissionais que trabalham no SAMUi. “Todos os chamados chegam por meio da central, pelo telefone 192. Têm ocorrências que vem com localização, outras só com ponto de referência. Quando o lugar é de difícil acesso, marcamos um ponto de encontro. Mas como já conhecemos a região, o atendimento fica mais rápido e eficaz”, conta o enfermeiro.

Na rotina de trabalho do Everton, há histórias que emocionam. Por volta das dez da noite de um plantão de domingo, a equipe do enfermeiro foi acionada para atender uma gestante que caiu. Os profissionais precisaram passar por uma via de difícil acesso até encontrar a paciente.

“Ela estava na beira da estrada, bastante chorosa. Nós a acomodamos na viatura, vimos os sinais vitais e checamos que não havia sangramento. Então, a levamos para o hospital. O que mais comoveu a equipe foi a paciente estar sozinha na rodovia, tarde da noite. Então além do atendimento, tem esse acolhimento, e essa parte gratificante de entrar com o Samu em locais de difícil acesso”, relata Everton.

Cuidado e acolhimento

O SAMU Indígena funciona 24 horas por dia, de domingo a domingo. Condutores-socorristas, enfermeiros e técnicos de enfermagem revezam os turnos para prestar serviço à comunidade, que possui 25 mil habitantes.

Os casos de menor complexidade são encaminhados para o Hospital da Missão Evangélica Kaiowá, dentro da própria reserva. O Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD) também recebe os pacientes.

O coordenador geral do SAMU regional de Dourados, Otávio Miguel Liston, destaca a importância do serviço para a população da aldeia. A presença de profissionais indígenas na equipe fez com que o número de ocorrências aumentasse. “A população se sente mais acolhida, e com isso passa a ter confiança em procurar o atendimento. E por terem a oportunidade de falar a língua materna a comunicação se torna mais clara”, explica.

Expansão

Além dos atendimentos de urgência e emergência, o SAMUi leva informações e orientações à Unidade Básica de Saúde, às escolas e aos moradores da aldeia. O Projeto Samu Indígena na Comunidade foi criado para que a população compreenda o funcionamento do serviço e saiba que pode contar com ele.

O Samu Indígena é um projeto piloto, que integra o esforço do Ministério da Saúde para universalizar o SAMU 192 até o fim de 2026. Para Dourados, de janeiro a agosto, foram destinados R$ 1,5 milhão para custear a manutenção da Central de Regulação de Urgência, duas Unidades de Suporte Básico, uma Unidade de Suporte Avançado e duas motolâncias.

Crédito: Agência Gov

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