A decisão de doar órgãos no Brasil, ainda que seja manifestada em vida pelo paciente, depende da autorização da família. No Paraná, a abordagem profissional e sincera tem se mostrado mais eficaz quando comparado aos outros estados brasileiros, o que garantiu ao Paraná a menor taxa de recusa familiar do País em 2024 – apenas 28%, comparada à média nacional de 46%.
Nesse período foram realizadas 854 entrevistas, com apenas 236 recusas. Em todo o Brasil foram 8.915 entrevistas e 4.083 recursas.
Outros estados do Sul e Sudeste também têm taxas altas, como Rio Grande do Sul (47%), Minas Gerais (42%), São Paulo (40%) e Rio de Janeiro (35%). Os piores indicadores são do Tocantins (84%), Amazonas (77%) e Mato Grosso (76%). Os dados são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
Em recortes mais recentes os dados também são bons. De janeiro a junho deste ano, a taxa de recusa do Paraná oscilou para 31% (383 entrevistas e 119 recusas), enquanto a média nacional ficou em 45%. Em São Paulo a taxa ficou em 39% e no Rio Grande do Sul em 47%.
Esse trabalho de destaque nacional é fruto da atuação das Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e do gesto solidário dos familiares. No Paraná, 70 comissões, instaladas em hospitais, estão envolvidas no processo de doação de órgãos e tecidos. São mais de 700 profissionais de diversas áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.
Essas comissões são responsáveis por identificar potenciais doadores, entrevistar e acolher as famílias, além de organizar, nos seus respectivos hospitais, o processo de captação de órgãos, em parceria com a Central Estadual de Transplantes e outras instituições envolvidas. A doação de órgão no Brasil só pode ser feita após o consentimento de um familiar do doador, mesmo que a manifestação seja feita em vida pelo paciente.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, a atuação da comissão é indispensável para a condução ética e segura do processo de doação, com foco no respeito aos envolvidos. “A taxa de autorização familiar, que considera apenas os doadores elegíveis, excluindo pacientes com contraindicação clínica, é o principal indicador da efetividade do processo de doação”, disse.
“Somos destaque nacional em doação de órgãos. O trabalho conjunto, as capacitações, a dedicação dos profissionais nesse processo, além, claro, da estrutura que o Paraná dispõe e a solidariedade e a consciência das famílias nos levam a esse protagonismo.”
SETEMBRO VERDE – Em 2015, o Estado ocupava a quinta posição no ranking da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Nos anos de 2023 e 2024, com 42,5 e 42,3 doações por milhão de população (pmp), respectivamente, o Paraná foi líder em doação. De acordo com dados parciais de 2025, o Paraná ocupa a segunda colocação entre os estados brasileiros com o maior volume de doação de órgãos, ficando atrás somente de Santa Catarina.
Instituído pela Lei Federal nº 11.584/2007, 27 de setembro é o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Durante todo o mês, estados e municípios promovem campanhas dedicadas à conscientização e sensibilização sobre o tema.
Fonte: AEN PR