
O Fala MDS desta sexta-feira (3/10) aborda um dos desafios enfrentados pelo Brasil no tocante à segurança alimentar, a economia e o meio ambiente: mitigar a perda e o desperdício de alimentos. A coordenadora-geral de Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Priscila Bocchi, é a convidada do episódio desta semana e detalhou os números alarmantes dessa questão.
Bocchi apresentou a recém-lançada II Estratégia Interministerial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos, construída no âmbito da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan).
Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revelam que 13,2% de toda a produção mundial de alimentos se perde antes mesmo de chegar ao varejo, em etapas como pós-colheita, transporte e armazenamento.
Você tem problema de plantar algo e ter dificuldades com pragas, há as perdas pós-colheita, com devido por vários fatores, tem a perda por questões climáticas, tem a perda por não conseguir vender no mercado”, exemplificou a coordenadora.
O impacto ambiental também é preocupante, pois o descarte de comida pode ser responsável por 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Além disso, os alimentos descartados ocupam cerca de 30% das terras agrícolas de todo o mundo.
Priscila Bocchi esclareceu que a etapa mais crítica do desperdício ocorre no varejo, principalmente dentro dos lares brasileiros. De acordo com levantamento da ONU, 60% do total de alimentos desperdiçados ocorre na casa das pessoas.
“Estes números incluem não apenas a comida que sobra no prato, mas também partes não convencionalmente aproveitadas, como cascas e ossos, que acabam em aterros sanitários e lixões, agravando o impacto ambiental pela emissão de gás metano”, alertou.
Para enfrentar esse problema, a nova estratégia do Governo do Brasil, lançada em 29 de setembro de 2025, define claramente as diferenças entre “perda”, que ocorre do campo ao início do processamento, e “desperdício”, que acontece entre o varejo e o consumidor final.
“Essa distinção é fundamental para alinhar as políticas públicas brasileiras à meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que prevê a redução de 50% das perdas e do desperdício de alimentos até 2030, com a FAO monitorando as perdas e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente monitorando o desperdício”, detalhou Bocchi.
Qual a proposta do Governo
A nova política pública é estruturada em seis eixos de atuação – quatro focados nos elos da cadeia de abastecimento – produção e pós-colheita; mercados atacadistas; mercados varejistas e feiras; e serviços de alimentação e domicílios.
Os outros dois eixos são voltados para o desenvolvimento de políticas públicas em cidades e para o fortalecimento do sistema de doação de alimentos, que já conta com mais de 300 bancos de alimentos no país.
Construída de forma intersetorial, a estratégia envolve diversos ministérios, como MDS, Agricultura e Pecuária e Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, além de órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Ainda na conversa, Priscila Bocchi mencionou a relevância da participação da sociedade civil e do setor privado, com contribuições de organizações como o Pacto Contra Fome e de associações como a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). “Uma das metas concretas do plano é, até 2027, construir planos municipais de combate ao desperdício em 10 cidades brasileiras”, revelou.
Crédito: Agência Gov
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