
Representantes do governo britânico conheceram a história e o potencial científico da instituição amazônida em encontro no Parque Zoobotânico
Com 159 anos recém-completados, o Museu Emílio Goeldi já firmou inúmeras parcerias com governos estrangeiros ao longo da sua história. Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 30), a visita, nesta quarta-feira (8/10), da diretora de Florestas, Erika Gouveia, e do conselheiro de Clima, Natureza e Energia, Graham Knight, ambos da Embaixada do Reino Unido no Brasil, renovou as possibilidades de parcerias.
Na década de 1990, o governo britânico viabilizou a construção da Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã, uma das bases do Museu, juntamente com o Parque Zoobotânico, no bairro de São Brás, e do Campus de Pesquisa, em Terra Firme, localizados em Belém.
Depois de caminhar entre os animais e as árvores gigantes do Parque Zoobotânico, a exemplo da samaumeira de 129 anos, Graham Knight, disse que finaliza a visita orgulhoso por saber das parcerias que já foram firmadas entre o Museu Goeldi e o governo britânico.
“Foi uma visita maravilhosa. Eu volto para Brasília com mais energia para continuar lutando para uma um futuro mais sustentável”, disse ele, que reconheceu ser a COP um momento-chave para firmar novas parcerias.
Eu vejo muita oportunidade de fortalecer a cooperação científica, com instituições britânicas como Kew Gardens e o Museu Nacional em Londres. A gente tem, de fato, um time na Embaixada que tem a responsabilidade de impulsionar essa cooperação”, explicou.
A coordenadora de Pós-Graduação do Museu Goeldi Ana Prudente considerou promissora a visita da Embaixada do Reino Unido às vésperas da COP. “É sempre interessante. A gente procura apresentar o que o Museu vem fazendo há 160 anos e mostrar que é possível fazer parcerias”, explicou ela.
Para a tecnologista da coordenação de Comunicação e Extensão do Museu, Bia Sales, as parcerias antigas com o governo do Reino Unido podem inspirar novos frutos durante a Conferência das Nações Unidas em Belém. “Especificamente para a COP 30, estamos estudando a possibilidade de ter pessoas ligadas às questões climáticas do governo britânico participando de alguma das nossas atividades aqui no Parque Zoobotânico”, antecipou, considerando possível ainda haver novas parcerias para fortalecer a atuação da Estação Científica Ferreira Penna.
Histórico de parcerias
Mais recentemente, em julho, a Universidade de Birmingham, do Reino Unido, em parceria com o Museu Goeldi e a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), realizaram uma imersão científica pela Estação Ferreira Penna, por meio da escola de verão multidisciplinar Immerse Amazônia.
Estudantes de Belém, do Reino Unido e de Caxiuanã puderam trocar conhecimentos e experiências, diante dos atuais desafios frente às crises climáticas e à necessidade de preservação da floresta amazônica.
Na conversa que antecedeu o passeio pelo parque, a diretoria do Museu Goeldi, representada pela coordenadora substituta do Programa de Pós-Graduação, Ana Prudente; pela tecnologista da coordenação de Comunicação e Extensão, Bia Sales; pela coordenadora do Laboratório de Comunicação Pública da Ciência, Joice Santos; e pelo chefe do Serviço de Parque Zoobotânico, Pedro Oliva, apresentou o legado da instituição que, em 2026, completa 160 anos de contribuições para o desenvolvimento da ciência na Amazônia. O potencial da produção científica feita em harmonia com os saberes tradicionais das populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas foi ressaltado, bem como a importância do Museu para a população urbana de Belém.
Na vitrine do mundo
A viagem que o então príncipe Charles (hoje, Rei Charles III) e a princesa Diana fizeram ao Pará, em 1991, foi rememorada durante a conversa com os integrantes da Embaixada do Reino Unido. Na época, o Museu Goeldi recebeu da Coroa Britânica a doação de seis veículos para auxiliar na produção científica, até recentemente em uso.
“Somos uma instituição de vanguarda, com uma história consolidada. Ficamos felizes por estarmos na vitrine do mundo. A COP é uma oportunidade para mostrar o que estamos fazendo há quase 160 anos”, disse Ana Prudente, ressaltando que a Estação Científica resiste ao longo do tempo com resiliência e muitos serviços prestados para a população de seu entorno. “A Estação é um porto seguro para cerca de 1.800 pessoas que vivem em Caxiuanã. A gente forma professores na região, faz olimpíadas científicas com as crianças”, exemplificou.

Atualmente, referências para diversas pesquisas no Brasil e no exterior, as coleções de exemplares da fauna e da flora, além das coleções arqueológicas, que estão guardadas no Campus de Pesquisa, também foram mencionadas como legados do Museu Goeldi. Coletadas a partir do Brasil-Império, quando cientistas brasileiros incorporaram o movimento de reter dados sobre a Amazônia que, até então, eram capturados por naturalistas estrangeiros e levados para a Europa, o pioneirismo das coleções científicas foi ressaltado, bem como o espaço que o Parque Zoobotânico da instituição ocupa na memória afetiva e na formação cidadã da população urbana de Belém.
Durante a COP 30, o parque será a sede de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Embaixada da Suíça e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), segundo observou Bia Sales.
Por Carla Serqueira/Museu Goeldi
Publicado por Paulo Donizetti de Souza
Crédito: Agência Gov
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