segunda-feira, outubro 13

‘Ação climática só será eficaz se também for ética’, diz Marina Silva

Em discurso na Pré-COP 30, a ministra do Meio Ambiente lembrou que a ética é um dos principais fundamentos enfrentar a emergência climática

“O Balanço Ético Global, ou BEG, nasceu da convicção de que a ética não pode ser vista como um recurso retórico no debate climático. A ética é, sobretudo, um de seus principais fundamentos. É que dá sentido à ação. É o que nos lembra que enfrentar a emergência climática é também enfrentar uma crise moral e civilizatória”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, nesta segunda-feira (13/10), em seu discurso na abertura da Pré-COP 30, evento de preparação para a COP 30, que acontecerá em novembro, em Belém (PA).

O Balanço Ético Global é uma iniciativa inédita conjunta do presidente Lula e do secretário-geral da ONU, António Guterres, com apoio da Presidência da COP 30, do MMA e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE). Inspirado no Balanço Global do Acordo de Paris, o BEG propõe uma escuta ética e planetária sobre a crise climática, reunindo lideranças sociais, culturais, espirituais, empresariais, científicas e políticas em seis diálogos intercontinentais e em eventos independentes organizados pela sociedade.

Ele amplia a agenda climática para incorporar dimensões culturais, raciais, intergeracionais e territoriais — reconhecendo que a transição necessária é tanto técnica quanto dos princípios e valores humanos”, destacou a ministra.

Marina Silva lembrou também que o Balanço Ético Global mobilizou seis Diálogos Regionais, realizados em todos os continentes, sob a liderança de colíderes de grande referência ética. Além dos encontros oficiais, foram realizados: 56 Balanços Éticos Globais Autogestionados em 15 países e 20 nacionalidades, registrados na plataforma Brasil Participativo. Os encontros autogestionados reuniram 3.724 pessoas, de diferentes faixas etárias, com destaque para os jovens entre 15 e 35 anos.

“O Balanço Ético Global é, acima de tudo, um convite à esperança. Ele nos lembra que a ação climática só será eficaz se também for ética. E que não haverá liderança global sem liderança moral”, reforçou a ministra.

Que a COP 30 possa se constituir como o grande mutirão da implementação dos acordos até aqui alcançados. Que o BEG e os demais círculos de mobilização da COP 30 possam contribuir para que ela entre para a história das COPs como a base fundante de um novo marco referencial”, concluiu Marina.


Acesse aqui a página oficial da COP 30E aqui a lista de notícias da COP 30 na Agência Gov


Confira o discurso completo:

Bom dia a todas e a todos.

Gostaria de saudar:

Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin;

Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30;

Mukhtar Babayev, Presidente da COP29;

Simon Stiell , Secretário-Executivo da UNFCCC;

Rafael Dubeux , do Ministério da Fazenda, representando o Ministro Fernando Haddad;

Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas;

Ministros, negociadores e representantes da sociedade civil, senhoras e senhores.

É uma honra apresentar, nesta abertura da Pré-COP30, um breve relato sobre o Círculo do Balanço Ético Global, um dos quatro Círculos de mobilização da Presidência da COP30, ao lado dos Círculos dos Presidentes de COPs, dos Ministros das Finanças e dos Povos.

O Balanço Ético Global, ou BEG, foi concebido sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Conta com uma Secretaria Executiva compartilhada entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria-Geral da Presidência da República.

Inspirado no Balanço Global do Acordo de Paris, o BEG nasceu da convicção de que a ética não pode ser vista como um recurso retórico no debate climático. A ética é, sobretudo, um de seus principais fundamentos.

A ética é o que dá sentido à ação. É o que nos lembra que enfrentar a emergência climática é também enfrentar uma crise moral e civilizatória. O BEG propõe um espaço de escuta da sociedade global sobre a articulação entre decisões políticas e a urgência de implementá-las, sob uma perspectiva ética.

Ele amplia a agenda climática para incorporar dimensões culturais, raciais, intergeracionais e territoriais — reconhecendo que a transição necessária é tanto técnica quanto dos princípios e valores humanos. Ao longo dos últimos meses, o BEG mobilizou seis Diálogos Regionais, realizados em todos os continentes, sob a liderança de colíderes de grande referência ética:

• Mary Robinson,

• Michelle Bachelet,

• Kailash Satyarthi,

• Wanjira Mathai,

• Anote Tong e;

• Karenna Gore.

Além desses encontros oficiais, foram realizados: 56 Balanços Éticos Globais Autogestionados em 15 países e 20 nacionalidades, registrados na plataforma Brasil Participativo.

Esses encontros autogestionados reuniram 3.724 pessoas, de diferentes faixas etárias, com destaque para os jovens entre 15 e 35 anos (que são aqueles que mais sentirão os efeitos das nossas ações — ou da nossa inércia).

Os Diálogos foram guiados por perguntas simples e profundas:

• como unir ciência moderna e saberes tradicionais?;

• como reformar modelos de produção e consumo, assegurando que essas transições sejam feitas de forma justa e planejada?;

• como garantir financiamento e meios de implementação aos países em desenvolvimento?;

• como resgatar cultura e espiritualidade como força ética na relação com a natureza?; e

• como integrar tomada de consciência à necessária urgência na ação, lembrando que a emergência climática não nos dá o tempo que as mudanças culturais normalmente exigem?

Respondendo a esse amplo chamado reflexivo, as mensagens do Balanço Ético Global foram claras: fortalecer o multilateralismo e valorizar a diversidade não são meras escolhas — são um imperativo ético.

Durante a Semana do Clima em Nova York, entregamos ao Presidente Lula os sumários executivos dos Diálogos Regionais.

E agora, nesta Pré-COP, apresentaremos o Relatório Global, conectando as recomendações do BEG a temas centrais da COP30:

• Transição justa;

• Adaptação climática;

• Financiamento e meios de implementação;

• Sinergias entre clima, biodiversidade e desertificação; e

• Cultura e ação climática.

Senhoras e senhores,

O Balanço Ético Global é, acima de tudo, um convite à esperança. Ele nos lembra que a ação climática só será eficaz se também for ética. E que não haverá liderança global sem liderança moral.

Que a COP30 possa se constituir como o grande mutirão da implementação dos acordos até aqui alcançados. Que o BEG e os demais círculos de mobilização da COP30 possam contribuir para que ela entre para a história das COPs como a base fundante de um novo marco referencial.

O marco referencial que ajudou a evitar os pontos de não retorno: tanto do clima quanto do multilateralismo climático.

Muito obrigada!

Crédito: Agência Gov

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