
Wellington Dias destacou a experiência do Brasil em segurança alimentar e a liderança do presidente Lula na criação da Aliança
Instalar o Mecanismo de Suporte da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, avaliar progressos e definir os próximos passos. Esses foram alguns dos principais pontos abordados, nesta segunda-feira (13/10), na Segunda Reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global, na sede da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, na Itália. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e dos copresidentes do Brasil e da Espanha do Conselho, Wellington Dias e Eva Granados, entre outras autoridades.
Em seu discurso, o presidente Lula foi enfático ao defender a necessidade de os países ricos priorizarem o combate à fome em vez de gastos com armamentos. “Não é possível, nós que estamos brigando pela igualdade, pelo fim do preconceito, pelo fim da desigualdade, assistirmos o mundo rico gastar US$ 2,7 trilhões em armas e não colocar a mesma quantia para combater a fome e a miséria no mundo. Não tem explicação”, afirmou.
O presidente citou os recentes investimentos bélicos dos países, questionando a lógica de que mais armas acabam com a guerra. “O que vai acabar com a guerra não é mais arma, é mais comida, é mais trabalho, é mais harmonia e é mais paz. É isso que acaba com a guerra”, declarou. Lula enfatizou que a tarefa é “levar a humanidade à indignação contra a fome, uma condição inaceitável em um mundo que produz alimentos suficientes para todos”.
Já o ministro Wellington Dias destacou a experiência do Brasil em segurança alimentar e a liderança do presidente Lula na criação da Aliança durante a presidência do G20. “Tenho a honra de representar o Brasil, junto com a Espanha, na coordenação do Conselho da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e hoje é um dia especial. Aqui, vamos definitivamente instalar o Mecanismo de Suporte da Aliança”, comemorou.
O titular do MDS apresentou números que dimensionam o desafio de acabar com a fome. “Em 2023, o mundo contava com 735 milhões de pessoas na fome. Em 2024, houve uma redução leve para 673 milhões de pessoas. Um sinal de que, com empenho, apoio financeiro e conhecimento, podemos muito mais”, revelou.
A Aliança, que em menos de um ano já reúne 201 membros – 105 países e 96 organizações –, tem metas ambiciosas para 2030, como alcançar 500 milhões de pessoas com transferências de renda e atender 150 milhões de crianças a mais com alimentação escolar de alta qualidade.
No evento, a copresidente Eva Granados defendeu ações de combate à fome baseadas em políticas públicas inclusivas e marcos financeiros sólidos. Além disso, elencou avanços realizados rumo aos compromissos da Agenda 2030, como o Compromisso de Sevilha, mas admitiu a necessidade de esforços adicionais. “Ainda há muito a ser feito, agora temos que continuar insistindo para aplicar de maneira efetiva os compromissos acordados.
Temos que passar das palavras para os feitos e aqui é onde os próximos passos da Aliança cobram tanta importancia”, pontuou.
Granados falou sobre avanços na elaboração de planos operacionais e planos nacionais acelerados para os países pilotos, além de progressos na mobilização de apoio técnico e financeiro. “Devemos ser conscientes em garantir um mecanismo de seguimento adequado, com mecanismos de indicadores adequados , e aqui é onde o trabalho do Mecanismo de Suporte cobra vital importância, devemos ser consistentes com os compromissos adquiridos e prestar contas”,comentou.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Qu Dongyu, salientou a contribuição do Brasil para a segurança alimentar no mundo e salientou a importância da Aliança Global para enfrentar a fome e a pobreza no mundo. “Foi histórica a liderança do Brasil na criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, especialmente na presidência do G20. As projeções indicam que 512 milhões de pessoas podem estar cronicamente subalimentadas até 2030, sendo quase 60% na África. Em 2024, cerca de 2,3 bilhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave. Precisamos enfrentar esse desafio e a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é oportuna e incontestável”, avaliou.
Instalação do Mecanismo de Suporte
- Foto: Roberta Aline / MDS
Nesta segunda, o presidente Lula, acompanhado de Wellington Dias, inaugurou o escritório que abrigará o Mecanismo de Suporte da Aliança Global, que funcionará como o secretariado da iniciativa na sede da FAO, na capital italiana.
O diplomata brasileiro Renato Domith Godinho, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MDS, nomeado diretor do Mecanismo, explicou que a equipe terá a missão de realizar as articulações entre os mais de 200 membros da Aliança. São 15 profissionais espalhados em escritórios ao redor do mundo, com sede principal em Roma.
“O Mecanismo de Suporte é uma equipe. É uma equipe pequena para um desafio grande da Aliança Global de acelerar os esforços para acabar com a fome e a pobreza em 2030”, disse Godinho.
A instância apoiará a implementação de programas nacionais, facilitando parcerias, troca de conhecimentos – como as experiências brasileiras do Bolsa Família e da alimentação escolar – e apoio financeiro.
Próximos passos
A Aliança Global prepara a primeira Reunião de Líderes, que será realizada em Doha, no Catar, em 3 de novembro. em 3 de novembro,à margem da Segunda Cúpula de Desenvolvimento Social das Nações Unidas. O encontro deve revisar o progresso global em relação aos objetivos da Aliança, destacar as conquistas alcançadas no último ano, definir diretrizes estratégicas para os países membros e abrir espaço para novos compromissos no combate à fome e à pobreza.
O Conselho de Campeões, copresidido pelo Brasil e pela Espanha e integrado por até 50 membros de alto nível, tem a função de orientar as ações da Aliança e influenciar a tomada de decisões nas instituições associadas. A primeira reunião do Conselho ocorreu em fevereiro de 2025, às margens da 48ª Junta do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
A comitiva do presidente Lula em Roma incluiu os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). O evento também contou com a presença da embaixadora da Etiópia, Demitu Hambisa Bonsa.
Crédito: Agência Gov
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