quinta-feira, setembro 25

Em 2024, plantar árvores teve mais retorno financeiro do que abatê-las, diz IBGE

O valor da produção florestal atingiu em 2024 o recorde de R$ 44,3 bilhões, com alta de 16,7% e produção em 4.921 municípios. O valor da produção da silvicultura continua superando o da extração vegetal – corte para uso fabril – o que ocorre desde o ano 1998. A silvicultura manteve a trajetória de crescimento dos últimos anos ao atingir o valor de R$ 37,2 bilhões, alta de 17,4% em relação ao alcançado em 2023.

“Após 2020, a gente tem um crescimento muito forte da silvicultura. Quando a gente compara a produção de 2019 com a produção de 2024, a gente tem um crescimento de 140%, impulsionado pelos avanços tecnológicos e pelo valor da celulose. O preço da celulose tem estado alto e isso incentiva os produtores a investir tanto em tecnologia quanto no aumento da área plantada”, destaca o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.

Silvicultura, de maneira resumida, é a atividade de produção de espécies vegetais e o replantio das espécies, após o corte para uso comercial. A silvicultura inclui o tratamento permanente do solo, para impedir seu esgotamento.

Extração vegetal, também de maneira resumida, é apenas o corte ou colheita dessas espécies. 

O uso sustentável das espécies vegetais – o que inclui manter florestas em pé, promover colheita de produtos de maneira não predatória e fazer recuperação de solos – tem se firmado como alternativa de bom ativo financeiro. Dentro dessa lógica, iniciativas como o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre pretende remunerar quem investir em proteção.

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Resumo da pesquisa

  • Valor da produção florestal atinge recorde de R$ 44,3 bilhões em 2024, alta de 16,7%, segundo IBGE.
  • Silvicultura responde por 84,1% do setor, com R$ 37,2 bilhões, enquanto a extração vegetal soma R$ 7,0 bilhões.
  • Madeira em tora para papel e celulose impulsiona alta: +28% em valor, chegando a R$ 14,9 bilhões.
  • Minas Gerais lidera a silvicultura nacional com R$ 8,5 bilhões, seguida pelo Paraná (R$ 6,3 bilhões).
  • Mato Grosso do Sul amplia 6,8% sua área de florestas plantadas mantendo-se na 2ª posição no ranking nacional.
  • Celulose alcança 10,6 bilhões de dólares em exportações em 2024, crescimento de 33,2% frente a 2023.
  • General Carneiro (PR) lidera em valor da produção da silvicultura: R$ 637,2 milhões.
  • Açaí mantém liderança entre produtos não madeireiros, com R$ 1 bilhão em valor, puxado pelo Pará.

 Fonte: IBGE


Entre os produtos madeireiros da silvicultura, houve registro de crescimento do valor da produção em todos os grupos, sendo mais acentuado na madeira destinada à fabricação de papel e celulose, que aumentou 28,0%. O valor da produção da madeira em tora para outras finalidades cresceu 18,0%; do carvão vegetal subiu 6,3%; e da lenha alcançou 7,0%.

Em 2024, houve acréscimo de 2,2% nas áreas de florestas plantadas no país, ou mais 217,8 mil hectares. A área total da silvicultura é de 9,9 milhões de hectares, dos quais, 7,7 milhões são de eucalipto, usado predominantemente na indústria de papel e celulose. Juntos, eucalipto e pinus foram responsáveis pela cobertura de 96,2% das áreas de silvicultura para fins comerciais no país.

Entre as regiões, Centro-Oeste (8,0%), Sudeste (1,5%) e Sul (1,4%) apresentaram crescimento nas áreas de florestas plantadas em 2024. Houve redução de 2,7% e 0,8% nas Regiões Norte e Nordeste, respectivamente.

Na maioria dos estados, o predomínio é de silvicultura, exceto o Pará, onde o tipo de exploração predominante é o extrativismo vegetal, principalmente o madeireiro. No Mato Grosso do Sul, a pesquisa observou uma expansão da silvicultura em 2024, repetindo o que já havia acontecido em 2023.

Celulose exportação

“Em 2024, com os avanços do plantio de eucalipto, o Mato Grosso do Sul passou de 7 o para 5 o em valor de produção em silvicultura. Várias fábricas têm se instalado no estado devido ao clima propício para o eucalipto e a disponibilidade de terras. O crescimento da produção tem se dado por Mato Grosso do Sul, com destaque para o município de Três Lagoas, que passou de 6 o para 2 o no ranking entre municípios”, explica o gerente de Agricultura do IBGE.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a celulose ocupou o oitavo lugar no ranking das exportações totais do país em 2024, aumento de 3,1%, com 19,7 milhões de toneladas exportados, que geraram 10,6 bilhões de dólares, um aumento de 33,2% em relação a 2023.

O setor da madeira em tora para papel e celulose permanece com tendência de alta, atingindo o valor de R$ 14,9 bilhões, crescimento de 28,0 % no valor da produção, após o crescimento de 19,1% registrado no ano anterior.

“O Brasil é, hoje, o maior produtor e exportador de celulose. Em 2024, a produção de madeira em tora para papel e celulose foi recorde, atingindo 122,1 milhões de metros cúbicos. O segundo maior foi em 2023, com 113 milhões de metros cúbicos. É um recorde atrás do outro, de 2019 em diante”, destaca Carlos.

A participação dos produtos madeireiros segue preponderante no setor da silvicultura, representando 98,3% do valor da produção florestal. O conjunto dos produtos madeireiros com origem em áreas plantadas para fins comerciais registrou aumento de 17,4% no valor da produção, enquanto naqueles decorrentes da extração vegetal o aumento foi de 15,4%. Esses resultados ratificam a tendência de crescimento dos produtos madeireiros oriundos da silvicultura e registra-se um crescimento nesses produtos da extração, mudando uma tendência à estabilidade que ocorria desde 2021.

A extração vegetal registrou aumento no valor gerado em 2019 (6,8%), 2020 (5,8%) e 2021 (31,6%), mas em 2022 registrou redução de 0,3%, enquanto em 2023 cresceu 0,3% e em 2024 subiu de 13,0%, ultrapassando 7,0 bilhões de reais. Enquanto os produtos madeireiros respondem pela quase totalidade do valor da produção da silvicultura (98,3%), na extração vegetal esse grupo representa 65,6%, seguido pelos alimentícios (28,6%), ceras (3,4%), oleaginosos (1,7%) e outros (0,8%).

Na silvicultura, Minas tem o maior valor de produção

Minas Gerais segue apresentando o maior valor da produção da silvicultura, com R$ 8,5 bilhões, o que representa 22,8% do valor apurado pelo setor. Essa Unidade da Federação é também a maior produtora de carvão vegetal, muito utilizado no setor siderúrgico, respondendo por 83,3% do volume nacional. Houve decréscimo de 6,8% na quantidade e de 0,5% em valor da produção a preços correntes.

O Paraná figura na sequência, ao registrar R$ 6,3 bilhões em valor de produção da silvicultura, um incremento de 24,1%, sendo que o Estado é o maior produtor de madeira em tora para outras finalidades, sendo responsável por 32,1% da produção nacional. A produção reduziu 5,7%, ficando em 21,1 milhões de metros cúbicos, e o valor da produção subiu 4,9%, chegando a R$ 3,0 bilhões em termos nominais.

O Estado de Minas Gerais segue registrando a maior área coberta com espécies florestais plantadas do País, com 2,2 milhões de hectares, o que representou um crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior, sendo sua quase totalidade ocupada por eucalipto (97,2%). Mato Grosso do Sul aumentou sua área com silvicultura em 6,8%, possuindo a segunda maior área de florestas plantadas, com 1,5 milhão de hectares, dos quais 99,6% são plantios de eucalipto. São Paulo e Paraná registraram uma área 1,2 milhão de hectares cada, com redução de 0,7% e aumento de 1,6%, respectivamente.

Ranking de estados

Entre os 10 Municípios com as maiores áreas de florestas plantadas do Brasil, seis estão em Mato Grosso do Sul; três, em Minas Gerais; e um, na Bahia.

Quatro municípios sul-mato-grossenses ocupam as primeiras posições de área plantada no País, sendo destaques Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas, com 381,6 mil hectares (+17,4%) e 301,9 mil hectares, (+4,9%) respectivamente.

Buritizeiro é a cidade com maior área plantada com florestas em Minas Gerais. Na Bahia, o destaque é Caravelas. Esses dois últimos Municípios fazem parte de áreas de influência de complexos industriais voltados à fabricação de papel e celulose.

“E, de novo, nos municípios do Mato Grosso do Sul, podemos ver a expansão das áreas de silvicultura. Ribas do Rio Pardo, com 381,6 mil hectares, tem a maior área plantada do Brasil, cresceu 17,4% em relação a 2023 e aumentou de 3,4 para 3,9% a participação nacional”, aponta Guedes.

Paraná lidera produção nacional de lenha da silvicultura

Com uma quantidade estimada de 14,0 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a 25,8% do total nacional, o Paraná também foi destaque na produção de lenha com origem em florestas plantadas. O Rio Grande do Sul foi o segundo maior produtor de lenha, atingindo 10,9 milhões de metros cúbicos, 20,1% do total nacional. A Região Sul responde por 60,6% da produção nacional de lenha.

General Carneiro é o município de maior valor de produção na silvicultura

O município de General Carneiro (Paraná), com aumento de 10,3%, manteve a liderança no ranking de valor da produção da silvicultura, alcançando um total de R$ 637,2 milhões em 2024. O município, que é grande produtor de madeira em tora para outras finalidades, aumentou o volume de produção em 6,3%, gerando um incremento de 11,7% no valor de produção, que atingiu 420,6 milhões de reais. Quanto à madeira em tora para papel e celulose, ocorreu redução de 1,7%. O carvão vegetal e a lenha apresentaram crescimentos de 15,0% na quantidade produzida.

Três Lagoas (MS) passou de sexto para segundo Município no ranking de valor da produção da silvicultura com R$ 579,2 milhões, sendo destaque na produção de madeira em tora para papel e celulose, com 5,6 milhões de m 3 , gerando R$ 567,00 milhões, um crescimento de 159,6% e que corresponde a 98,1% do valor da produção silvícola do Município.

João Pinheiro (MG), terceiro maior Município em valor da produção da silvicultura, gerou R$ 456,1 milhões, sendo destaque na produção de carvão vegetal, com 330,0 mil toneladas em 2024, queda de 24,4% em termos de quantidade, na comparação com o ano anterior. O valor da produção também foi reduzido em 18,1%, gerando R$ 429,6 milhões em termos nominais.

Extração vegetal também cresce

Em 2024, o valor da produção obtido por meio da extração vegetal apresentou um aumento de 13,0%, totalizando R$ 7,0 bilhões, diferente do ano anterior (2023) quando foi verificada uma certa estabilidade em relação a 2022. Dos grupos de produtos que compõem a exploração extrativista na pesquisa, foi registrada redução no valor da produção, apenas nos grupos aromáticos (45,6%) e tanantes (8,7%).

O grupo dos produtos madeireiros, que teve a maior participação no valor da produção do extrativismo (65,6%), registrou um crescimento de 15,4% frente ao ano anterior, depois de um pequeno aumento de 0,5% em 2023. Até 2020 a exploração extrativista de madeira vinha perdendo espaço no País, sendo gradativamente substituída pela originada em florestas cultivadas. Entretanto, em 2021 houve um grande aumento influenciado pela produção de madeira em tora. Na pesquisa atual o crescimento é alavancado pela produção de carvão vegetal que cresceu 43,0%.

Mato Grosso e do Pará responderam por 59,6% da quantidade total extraída de madeira em tora, representando 77,0% do valor de produção desse produto, nacionalmente. O Pará, que em 2022 voltou a ultrapassar Mato Grosso, permanece como maior produtor de madeira em tora em 2024, com 4,5 milhões de metros cúbicos, apesar da redução de 10,4% na extração desse produto.

Açaí e erva-mate mantêm maior valor entre os não madeiros

Em 2024, a soma do valor da produção dos produtos não madeireiros registrou aumento de 8,7%, totalizando R$ 2,4 bilhões. O grupo de produtos alimentícios, o maior entre os produtos não madeireiros da extração vegetal, apresentou aumento do valor da produção (8,1%), totalizando R$ 2,0 bilhões.

O açaí amazônico é coletado de uma palmeira nativa regional, tendo 92,9% de sua extração concentrada na Região Norte. Em 2024, essa produção foi de 247,5 mil toneladas, 3,6% acima da obtida no ano anterior. Em termos de valor nominal, apresentou aumento de 19,9%, totalizando R$ 1,0 bilhão. O Pará registrou a maior produção de açaí, com 168,5 mil toneladas, o que representa 68,1% do total nacional. Com o aumento de 0,5% na quantidade e de 23,2% no valor da produção, essa Unidade da Federação alcançou R$ 801,9 milhões.

No ranking dos 10 Municípios que registraram os maiores volumes em 2024, oito são paraenses, sendo que o Município de Limoeiro do Ajuru segue ocupando a posição de maior produtor nacional de açaí extrativo, respondendo, sozinho, por 20,2% do total nacional, apesar da redução de 2,0% em relação a 2023.

A extração de erva-mate, que se concentra na Região Sul, gerou o segundo maior valor da produção entre os produtos não madeireiros, com R$ 522,8 milhões, registrando redução de 11,3% na comparação com 2023. A produção foi de 377,4 mil toneladas, com diminuição de 11,4% frente ao ano anterior. No Paraná, que concentra 85,8% da produção nacional, encontram-se os 9 municípios que obtiveram a maior produção de erva-mate em 2024, destacando-se São Mateus do Sul como a de maior volume extraído, com 17,2% do total nacional, e com a mesma produção do ano anterior.

Sobre a pesquisa

A PEVS 2024 traz informações sobre área, quantidade produzida e valor da produção a partir da exploração de florestas plantadas (silvicultura) e dos recursos vegetais naturais (extrativismo vegetal).
O extrativismo vegetal contempla 37 itens, com destaque para os produtos madeireiros, alimentícios, ceras e oleaginosos. Na silvicultura, são investigados sete produtos, incluindo carvão vegetal, lenha, madeira em tora e resina.

Crédito: Agência Gov

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