quinta-feira, fevereiro 6

O Diário da Morte

Título: “O Diário da Morte”: Uma Profunda Reflexão Sobre a Mortalidade e a Existência Humana
Em meio a uma cultura cada vez mais preocupada com a curta vida média, a filosofia, a arte e a literatura têm abordado temas cada vez mais pesados, incluindo a morte. “O Diário da Morte” é um exemplo de um trabalho que mergulha nos mistérios da morte e nos choca a pensar sobre a própria mortalidade. Publicado em 1805 pelo poeta alemão Samuel Taylor Coleridge, “O Diário da Morte” é uma coletânea de poemas que buscam capturar o espírito da morte e refletir sobre a existência humana.
No início do século XIX, a Europa vivia um momento de grande turbulência. A Revolução Francesa haviaocado mudanças sociais e políticas profundas, enquanto a economia estava sofrendo os efeitos da crise. Em meio a essa situação, a arte e a literatura estavam evoluindo para explorar temas mais profundos e filosóficos. Coleridge, que estava estabelecido na Grã-Bretanha como um líder intelectual do movimento romântico, desenvolveu o projeto de escrever um “diário” que capturasse a natureza da morte e o papel que ela desempenhava na existência humana.
Coleridge começa o “Diário da Morte” com um preâmbulo, no qual afirma que sua intenção é explorar “a Natureza da Morte, seu caractere e efeitos”. Ele acrescenta que, embora a morte seja um tópico que tem sido discutido ao longo da história da filosofia e da religião, a maioria dos trabalhos que abordam o tema tratam-na de forma abstrata ou como um fim sem sentido. Em vez disso, Coleridge propõe que sua obra vá mais além, penetrando no cerne da morte e buscando capturar sua verdadeira natureza.
O diário é dividido em dois grandes blocos: o primeiro contém poemas que tratam da morte como um processo natural e inevitável, enquanto o segundo aborda a morte como um mistério que transcendia a compreensão humana. No primeiro grupo, Coleridge descreve a morte como um momento em que o ser humano se junta à natureza, uma unidade cósmica que não tem começo nem fim. Ele faz comparações entre a morte e outros processos naturais, como a decomposição do corpo ou a transição das estações do ano, para destacar a idea de que a morte é um parte natural da vida.
Por exemplo, em “Elegia sobre uma jovem morrendo”, Coleridge descreve a morte como uma liberação da juventude e da beleza, e argumenta que o ser humano pode encontrar conforto na aceitação da mortalidade. O poema apresenta a seguinte linha:
“A mortalidade é um momento da vida,
Que traz consigo um momento da beleza
A beleza, que nos cerca, está cheia de mortalidade
E a morte é um símbolo de vida e de beleza”.
Nesse sentido, a morte é apresentada como uma oportunidade para o ser humano se reconciliar com a natureza e a existência. No entanto, a maioria dos poemas desse grupo apresentam uma perspectiva mais sombria, destacando a dor e o sofrimento que acompanham a perda de alguém que é amado.
O segundo bloco do “Diário da Morte” é caracterizado por uma perspectiva mais filosófica e metafísica. Nesse grupo, Coleridge aborda a morte como um mistério que ultrapassa a compreensão humana, uma coisa que transcende a lógica e a razão. Ele descreve a morte como uma “doce ilusão” que permite ao ser humano se reunir com algo que está além da mortalidade. Em “Hymn before Sunrise, on the eve of St. Agnes’ Eve”, por exemplo, Coleridge canta a morte como uma liberação do peso da carne e da existência terrena:
“Como se o sonho tivesse vida e pulso
E o túmulo, a morte e a decomposição,
Se tornassem um eterno sonho
E o morto se tornasse imortal”.
Esse tipo de linguagem metafísica reflete a crença de Coleridge de que a morte não é apenas um fim, mas também um princípio. Ele acha que a morte tem a capacidade de nos liberar da luta pela existência e da ilusão de que o mundo é rea e seguro.
Em retrospectiva, é surpreendente que Coleridge tenha sido capaz de abordar a morte com uma profundidade e uma eloquência como são apresentados em “O Diário da Morte”. Publicado mais de dois séculos atrás, o livro é um testamento à habilidade de Coleridge de explorar os mais profundos misterios da existência. A sua reflexão sobre a morte nos apresenta um esquadrão que está além da curta vida média, além da fragilidade e da incerteza da vida.
No entanto, a morte continua a ser um tópico tabu em muitas sociedades contemporâneas. Muitos indivíduos preferem evitá-la ou esquecê-la, em vez de a abordar abertamente e de forma filosófica. No entanto, “O Diário da Morte” sugere que é justamente a abordagem da morte que nos permite compreender melhor a nossa própria mortalidade e encontrar um senso de significado e propósito na nossa existência.
Para concluir, “O Diário da Morte” é um livro que nos permite mergulhar nos mistérios da morte e da existência, e que nos leva a uma reflexão profunda sobre a nossa própria mortalidade. Embora a morte continue a ser um tópico complexo e problemático, “O Diário da Morte” nos lembra da importância de a abordá-la com respeito, reflexão e eloquência. É um livro que permanece relevante hoje em dia, oferecendo um reflexo sobre a nossa condicion humana e nos incita a repensar o papel que a morte desempenha na nossa existência.
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