
O ministro da Fazenda discursou durante a Reunião Ministerial Preparatória para a COP 30, a Pré-COP, nesta segunda-feira (13)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou nesta segunda-feira (13/10), da cerimônia de abertura da Pré-COP 30, evento de preparação para a COP 30, que acontecerá em novembro, em Belém (PA).
Às vésperas da COP 30, levamos a Belém uma mensagem clara: há um caminho comum sendo construído, com ambição e realismo, para que as finanças sirvam à transformação ecológica que o mundo exige”, destacou Haddad em seu discurso.
Para discutir diversos mecanismos financeiros para o clima e subsidiar discussões específicas da COP 30, a presidência brasileira estabeleceu o Círculo de Ministro de Finanças da COP 30. Liderado pelo ministro da Fazenda, o Círculo funciona como uma plataforma estruturada de consultas regulares ao longo de 2025. “Desde abril, conduzimos um processo participativo envolvendo ministérios da Fazenda, bancos multilaterais, sociedade civil, setor privado e organismos internacionais. Foram realizadas mais de 25 consultas formais”, lembrou Haddad.
Entre as missões do Círculo de Ministro de Finanças está a elaboração do Mapa do Caminho de Baku a Belém para US$1,3 trilhão, relatório que será elaborado pelas presidências da COP29 e COP30 em consulta às partes da UNFCCC e apresentado em Belém.
O Mapa do Caminho busca ampliar o financiamento climático para os países em desenvolvimento e apoiar a redução da emissão de gases de efeito estufa.
O ministro da Fazenda lembrou ainda as iniciativas estratégicas para a Agenda de Ação da COP 30. São elas:
• O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que propõe um novo modelo de financiamento baseado em investimento — e não apenas em doações;
• A Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono, voltada à harmonização e interoperabilidade dos mercados regulados;
• E a Supertaxonomia, destinada a assegurar comparabilidade e integridade entre taxonomias nacionais, orientando investimentos sustentáveis.
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Confira o discurso completo:
Senhor Presidente Geraldo Alckmin,
Senhoras Ministras Sônia Guajajara e Marina Silva,
Senhor Embaixador André Corrêa do Lago,
Senhor Mukhtar Babayev,
Senhor Simon Stiell,
Senhoras e senhores,
É uma satisfação participar desta Reunião Ministerial Preparatória para a COP30. O Círculo de Ministros de Finanças, que tenho a honra de coordenar, foi concebido para explorar como o sistema econômico pode se tornar um motor da transformação ecológica. Agradeço ao Embaixador André Corrêa do Lago pela confiança em me atribuir essa missão.
Desde abril, conduzimos um processo participativo envolvendo ministérios da Fazenda, bancos multilaterais, sociedade civil, setor privado e organismos internacionais. Foram realizadas mais de vinte e cinco consultas formais, apoiadas por três grupos consultivos que ofereceram contribuições valiosas:
• O Grupo Consultivo de Especialistas, responsável por orientar tecnicamente o
desenho de instrumentos financeiros;
• O Grupo de Engajamento do Setor Privado, que buscou alinhar estratégias de
investimento aos compromissos climáticos;
• E o Grupo de Consulta da Sociedade Civil, que assegurou a inclusão de diferentes
perspectivas na governança do financiamento climático.
A partir desse diálogo, consolidamos um relatório com as principais recomendações e caminhos de ação — fruto de mais de mil e duzentas contribuições de países e instituições. Nosso trabalho no Círculo se apoia em três continuidades
fundamentais.
A primeira é a continuidade entre a COP30 e a presidência brasileira da trilha financeira do G20, em 2024, que concluímos com a criação da Força-Tarefa de Clima. Esse legado consolidou a integração da agenda climática ao centro da governança econômica global. A segunda continuidade é entre a agenda internacional e a agenda doméstica. O Plano de Transformação Ecológica, lançado na COP28 de Dubai, é a expressão dessa convergência. Instrumentos como o mercado de carbono e os títulos sustentáveis colocaram o financiamento climático como parte integral da agenda econômica do Ministério da Fazenda.
E a terceira continuidade está no compromisso de alinhar reflexão e implementação — garantir que as discussões conceituais produzidas no Círculo se traduzam em propostas concretas de política pública, muitas das quais já estão em
curso em paralelo.
O relatório do Círculo apresenta cinco prioridades para ampliar o financiamento
aos países em desenvolvimento:
1. Aumentar os fluxos de financiamento concessional e os fundos climáticos,
garantindo previsibilidade e condições adequadas, sobretudo para adaptação e transição justa;
2. Reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento, tornando-os mais ágeis, integrados e aptos a catalisar capital privado.
3. Fortalecer as capacidades domésticas e as plataformas de país, ampliando a coordenação institucional e a atratividade de investimentos sustentáveis;
4. Promover inovação financeira e mobilizar o setor privado, com instrumentos que reduzam riscos e multipliquem o impacto dos recursos disponíveis;
5. Aprimorar os marcos regulatórios do financiamento climático, garantindo integridade, interoperabilidade e transparência — e fortalecendo a confiança no
sistema.
Junto ao relatório, trabalhamos ao longo do ano na construção de três iniciativas estratégicas para a Agenda de Ação da COP30:
• O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que propõe um novo modelo de financiamento baseado em investimento — e não apenas em doações;
• A Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono, voltada à harmonização e interoperabilidade dos mercados regulados;
• E a Supertaxonomia, destinada a assegurar comparabilidade e integridade entre taxonomias nacionais, orientando investimentos sustentáveis.
Essas iniciativas traduzem, de forma prática, o que o Círculo tem defendido:
cooperação, inovação e escala para transformar ambição em resultados concretos. O relatório final será apresentado nesta semana em Washington, durante os Encontros Anuais do Banco Mundial e do FMI. Em seguida, o relatório e a Agenda de Ação serão amplamente debatidos em São Paulo no começo de novembro. Por fim, o documento será formalmente entregue ao Presidente da COP em Belém, como contribuição à construção do Mapa do Caminho de Baku a Belém para 1,3 trilhão de dólares.
Às vésperas da COP30, levamos a Belém uma mensagem clara: há um caminho comum sendo construído, com ambição e realismo, para que as finanças sirvam à transformação ecológica que o mundo exige.
Muito obrigado.
Crédito: Agência Gov
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