
Divulgado nesta quinta-feira (9/10), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz alerta que os casos de SRAG por influenza A avançam para o Estado de São Paulo. Em 2025, a influenza A já é responsável por metade das mortes de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com cerca de 50,7% dos óbitos com resultado positivo para algum vírus respiratório. Diante deste cenário, os pesquisadores afirmam que este início de crescimento em São Paulo gera uma preocupação maior, pois o estado tem fortes conexões com outras regiões, o que pode favorecer o espalhamento do vírus pelo país.
A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 40, período de 28 de setembro a 4 de outubro. O InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento de casos de SRAG. A iniciativa oferece suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações, preparações e respostas a eventos em saúde pública.
A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenadora do InfoGripe, informa que vinha observando uma segunda onda de influenza A atípica, no Centro-Oeste, para esta época do ano. “Agora é possível ver que o número de casos graves pelo vírus começa a diminuir no Distrito Federal, mas continua aumentando em Goiás”, destaca.
No cenário nacional, o número de casos de SRAG apresenta sinal de crescimento nas tendências de curto e longo prazo. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas a prevalência entre os casos positivos foi de 17,1% de influenza A, 2% de influenza B, 11,1% de vírus sincicial respiratório, 41,5% de rinovírus e 16,1% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos e no mesmo recorte temporal foi de 15,9% de influenza A, 2,3% de influenza B, 5,1% de vírus sincicial respiratório, 22% de rinovírus e 52,3% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Covid-19
A atualização aponta ainda que a Covid-19 é responsável por 53,3% de óbitos de SRAG positivo para algum vírus respiratório notificado nas últimas quatro semanas. A doença também tem impulsionado o crescimento do número de casos de SRAG no Sul (Paraná e Santa Catarina). No Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal os casos de SRAG associados à Covid-19 mostram sinais de interrupção do crescimento.
Diante deste aumento dos casos de SRAG por Covid-19 e influenza A em alguns estados, a pesquisadora reforça que é fundamental que a população mais vulnerável, como idosos, pessoas com comorbidades e imunocomprometidos, que têm maior risco de desenvolver quadros mais graves das doenças, mantenha a vacinação em dia contra esses vírus.
“Nós recomendamos que pessoas com sintomas de gripe ou resfriado mantenham isolamento domiciliar, contribuindo para a interrupção da cadeia de transmissão desses vírus respiratórios. Se não for possível permanecer em casa em isolamento, é fundamental sair usando uma boa máscara, como a PFF2 ou a N95 e, com isso, diminuir as chances de transmissão dos vírus para outras pessoas”, ressalta Portella.
Estados e capitais
Observa-se que 7 das 27 unidades federativas apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a Semana 40: Amazonas, Goiás, Paraná, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e Santa Catarina. O rinovírus tem sido responsável pelo crescimento dos casos de SRAG, especialmente em crianças e adolescentes, em alguns estados do Norte (Amazonas, Pará e Roraima), do Sul (Paraná e Santa Catarina) e no Rio de Janeiro. No Amazonas, observa-se a manutenção do crescimento dos casos de SRAG por VSR nas crianças pequenas (abaixo de 2 anos).
Observa-se que 10 das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas), com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 40: Belém (Pará), Boa Vista (Roraima), Cuiabá (Mato Grosso), Goiânia (Goiás), João Pessoa (Paraíba), Manaus (Amazonas), Palmas (Tocantins), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), São Paulo (São Paulo) e Vitória (Espírito Santo).
Ano epidemiológico
Em 2025 foram notificados 189.278 casos de SRAG, sendo 100.088 (52,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 67.942 (35,9%) negativos e ao menos 8.951 (4,7%) aguardando resultado laboratorial. Entre os casos positivos do ano observou-se 23,3% são de influenza A, 1,2% de influenza B, 42,1% de vírus sincicial respiratório, 27,4% de rinovírus e 7,9% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em relação aos óbitos de SRAG em 2025, já foram registrados 11.389 óbitos de SRAG, sendo 5.896 (51,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.455 (39,1%) negativos e ao menos 179 (1,6%) aguardando resultado laboratorial. Nos óbitos positivos observou-se 50,7% de influenza A, 1,8% de influenza B, 11,9% de vírus sincicial respiratório, 13,8% de rinovírus e 22,7% de Sars-CoV-2 (Covid-19).
Crédito: Agência Gov
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