A ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas, como gin, vodca e uísque, pode causar internações graves, danos à visão e até mesmo mortes, como as registradas em São Paulo nas últimas semanas. Os casos chamam a atenção para a produção, distribuição e comercialização de bebidas ilícitas, trazendo riscos sérios à saúde e evidenciando a importância da avaliação e identificação de adulterações.
No Paraná, a Polícia Científica tem sido essencial para proteger os consumidores. Foi a instituição que confirmou os primeiros casos do Paraná, após notificação da suspeita ao Ministério da Saúde.
Os peritos analisam amostras suspeitas, na Seção de Química Forense, usando métodos avançados de laboratório que permitem identificar se há substâncias tóxicas ou se a bebida foi falsificada de forma sofisticada. Estes testes ajudam a proteger a população e evitar que novos produtos irregulares cheguem ao consumidor.
“Analisamos amostras suspeitas em laboratório, comparando com os padrões originais do fabricante e usando métodos que identificam substâncias perigosas como metanol, solventes e corantes não autorizados”, explica o perito oficial da Polícia Científica do Paraná (PCIPR) Eduardo Ferreira Leonardi.
A detecção depende da comparação da amostra suspeita com padrões originais do fabricante, além da aplicação de métodos químicos para determinar a composição química da bebida. “Complementarmente, realizamos inspeções físicas das embalagens, como garrafas, tampas e lacres. Qualquer sinal de violação pode ser um alerta”, completa o perito.
A perícia é essencial porque apenas os exames laboratoriais conseguem confirmar a presença de substâncias perigosas, como o metanol, solventes orgânicos diversos, corantes não autorizados, metais pesados ou até a simples diluição com água. “Sinais visuais, como partículas no líquido, alterações de coloração ou lacres violados podem indicar suspeitas, mas apenas a análise química pode confirmar a adulteração”, afirma Leonardi.
O tempo médio para conclusão das investigações é de cerca de dez dias, variando conforme o tipo de bebida e a quantidade de amostras recebidas pelo laboratório.
LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA FORENSE – O Laboratório de Toxicologia Forense da PCIPR se consolidou como referência na análise de álcoois em amostras biológicas de interesse pericial. Nos últimos anos, ele se destacou em quatro rodadas de ensaios de proficiência em alcoolemia promovidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), comprovando a confiabilidade e precisão dos resultados produzidos pela equipe técnica.
Diante da emergência causada por casos suspeitos de intoxicação por metanol, o laboratório disponibilizou sua estrutura, reforçando o papel técnico-científico da Polícia Científica no suporte às demandas do Estado e na proteção da população.
PREVENÇÃO – Para reduzir os riscos de intoxicação, a PCIPR orienta que os consumidores adquiram bebidas apenas em estabelecimentos confiáveis e regulares, evitando produtos vendidos em locais informais ou sem procedência conhecida. Também é importante sempre exigir nota fiscal e verificar se o produto possui selos de autenticidade e lacres intactos.
Além disso, é importante observar o líquido antes do consumo. Alterações de cor, partículas em suspensão ou tampas e lacres violados podem indicar adulteração. Preços muito abaixo do praticado no mercado também devem ser encarados com desconfiança.
Em caso de suspeita, a recomendação é não consumir a bebida e entrar em contato com os órgãos competentes para denúncia. Essas medidas simples ajudam a prevenir intoxicações graves, garantir a segurança e reduzir a circulação de produtos irregulares no mercado.
ANÁLISE E FISCALIZAÇÃO – Em todo o País, a qualidade das bebidas é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável por garantir a saúde e segurança do consumidor ao controlar todas as etapas de fabricação. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também atua na regulamentação e fiscalização de produtos que apresentam riscos à saúde pública, incluindo bebidas.
No Paraná, as forças de segurança realizam investigações contínuas, identificando sinais de adulteração em rótulos, embalagens e lacres, apoiadas por exames laboratoriais e treinamentos especializados. Nesta quarta, a Secretaria da Justiça e Cidadania, por meio do Procon-PR, e a Polícia Civil do Paraná (PCPR) também realizaram a fiscalização de 12 distribuidoras de bebidas de Curitiba em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal, Ministério Público do Paraná e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Fonte: AEN PR