Com mais de R$ 2,3 bilhões liquidados entre janeiro e agosto, o Paraná alcançou um novo recorde de investimentos em toda sua história. O valor é o maior já registrado pelo Estado em toda a série histórica, iniciada em 2001. Em relação ao mesmo período de 2024, quando o Estado pagou R$ 1,5 bilhão, isso representa um salto de 49%.
Os dados são do relatório de gestão fiscal referente ao segundo quadrimestre do ano divulgado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e apresentado à Assembleia Legislativa do Paraná nesta segunda-feira (22). Conforme apresentado durante a audiência pública de prestação de contas, os números atestam o compromisso com o desenvolvimento de diversos setores do Estado.
Os investimentos liquidados são aqueles que saíram do papel e que foram entregues de forma concreta. Trata-se da penúltima etapa do processo de execução orçamentária e, por isso mesmo, uma das mais importantes.
O recorde se mantém inclusive quando se leva em consideração a inflação do período. Nesse caso, o crescimento real em 2025 foi de 41,7%. Em comparação com 2018, esse aumento é superior a 144%.
“Esses números deixam bem claro o nosso compromisso com o bom investimento em todo o Estado do Paraná. Estamos já há algum tempo nessa crescente e não queremos parar, pois o bom investimento é aquilo que fica e transforma a vida do cidadão”, reforça o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara. “E estamos falando aqui de investimentos liquidados, ou seja, aqueles que realmente chegaram e foram entregues à população”.
RECORDE DE EMPENHOS – Em relação aos empenhos, o recorde também se mantém. Conforme apresentado durante a prestação de contas, os investimentos empenhados até o segundo quadrimestre de 2025 chegaram a R$ 4,4 bilhões – também a maior cifra da série histórica. Os empenhos correspondem à reserva de dinheiro do orçamento destinada para o pagamento de bens e serviços contratados. Na prática, isso significa que parte dos custos totais da obra já está separada e deve ser liberada à medida que os trabalhos avancem.
Cerca de um quarto desse total (24%) foi destinado para obras e melhorias em rodovias e no transporte rodoviário. Ao todo, mais de R$ 1,06 bilhão foram destinados esse fim, incluindo desde obras emblemáticas, como a construção da Ponte de Guaratuba e intervenções estruturais que vão transformar o interior do Estado, como a duplicação e restauração da PRC-466, entre Guarapuava e o distrito de Palmeirinha.
A atuação do Governo Estadual dentro dos municípios também representa uma parcela importante do total investido em 2025. Foram mais de R$ 601 milhões em infraestrutura urbana, com destaque principalmente para o Asfalto Novo, Vida Nova, o maior programa de urbanização da América do Sul ao levar asfalto novo, calçadas acessíveis, galerias pluviais e iluminação de LED em 377 cidades paranaenses.
Outros setores estratégicos também fazem parte desse valor recorde investido nos dois primeiros quadrimestres do ano. A promoção da produção agropecuária recebeu cerca de R$ 476 milhões, enquanto a habitação urbana soma R$ 258 milhões. A atenção básica à saúde e a educação básica também são destaques, com R$ 318 milhões e R$ 278 milhões, respectivamente.
SAÚDE E EDUCAÇÃO – Mas não foi apenas nos investimentos que as despesas do Paraná com Saúde e Educação foram destaque. Como os números apresentados pela Sefa demonstram, a aplicação de recursos nessas áreas está acima dos limites constitucionais e com um crescimento significativo em comparação ao mesmo período de 2024.
O limite constitucional é o valor mínimo que os estados devem gastar em áreas fundamentais. De acordo com a Constituição Federal, os governos estaduais devem aplicar 25% das receitas de impostos em Educação. No Paraná, a Constituição Estadual define o acréscimo de 5%, que deve ser destinado ao ensino superior – ou seja, para as universidades estaduais.
Isso significa que pelo menos 30% das receitas de impostos devem ir para a educação pública paranaense, o que inclui remuneração de professores, aquisição e manutenção de equipamentos e construção de escolas. E, entre janeiro e agosto de 2025, o Estado aplicou 31,99% da sua Receita Líquida de Impostos (RLI). Ao todo, foram R$ 12,2 bilhões.
Esse número, inclusive, é 9,1% maior do que aquilo que o Paraná já havia empenhado no período em 2024 (R$ 11,2 bilhões). Assim, mais do que apenas cumprir o mínimo exigido, o Estado aumentou o total aplicado em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE).
Movimento semelhante acontece com a Saúde, cujo limite mínimo é de 12% da RLI. Até o fim de agosto, o Paraná destinou R$ 4,8 bilhões, o que corresponde a um total de 12,71% das receitas de impostos. Em comparação a 2024, quando foram encaminhados R$ 4,4 bi, o crescimento também foi de 9%.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA – O maior aumento, contudo, foi registrado nas despesas destinadas a Ciência e Tecnologia. Foram empenhados R$ 213,7 milhões para este fim, o que representa um salto de 125,5% em relação aos oito primeiros meses de 2024, quando o Paraná direcionou R$ 94,7 milhões.
De acordo com o diretor-geral da Sefa, Luiz Paulo Budal, essa evolução tão significativa é reflexo de um maior alinhamento com os setores responsáveis pela função para tornar o processo mais eficiente. “Otimizamos processos para fazer com que a aplicação desses recursos seja contínua ao longo de todo o ano. Não se trata de gastar apenas para cumprir o que diz a lei, mas de fazer com que isso chegue de verdade ao cidadão e que ele encontre serviços de qualidade sempre que precisar”, diz.
RESPONSABILIDADE FISCAL – Outro destaque apresentado durante o relatório de gestão fiscal do segundo quadrimestre foram os demais índices exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – todos muito abaixo dos limites estabelecidos pela legislação.
A relação entre a dívida e a receita consolidada líquida, por exemplo, fechou o período em -10,83%. Isso quer dizer que o Estado segue com dívida negativa, ou seja, com mais dinheiro em caixa do que o tamanho de seus débitos. A efeito de comparação, o limite estabelecido pela LRF é de 200%, muito acima da realidade paranaense.
Situação semelhante acontece com o limite de operações de crédito (0,58%) e de garantias concedidas (1,53%). No primeiro caso, o limite em lei é de 16%, enquanto o de garantias é de 22%.
Fonte: AEN PR