
Ao abrir a 80ª Assembleia Geral da ONU, líder exalta resistência do Brasil contra o arbítrio e ataca subterfúgios que extremistas de direita usam para reprimir multilateralismo e democracia
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, abriu a 80ª Assembleia Geral da ONU com um alerta a respeito do enfraquecimento do multilateralismo e da democracia internacional, que em sua opinião são expressões de um mesmo movimento, que atribuiu a extremistas de direita.
Como um apelo à razão e à busca da verdade, Lula afirmou que o autoritarismo se fortalece quando as populações deixam de resistir a arbitrariedades e que o autoritarismo se nutre da ignorância e da subserviência.
“O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas. Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades”, disse.
Lula traçou o perfil do autoritarismo e as ferramentas que utiliza: “[Forças antidemocráticas] Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais, e cerceiam a imprensa”, disse Lula.
Em seguida, o presidente falou da política interna e exaltou a resistência do Brasil a tentativas de subjugar a democracia. Chamou a extrema direita de subserviente. Aproveitou para criticar a ingerência dos Estados Unidos nos processos políticos brasileiros.
Neste ponto, Lula discursou:
“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais.
Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia.
A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável.
Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”.
Lula prosseguiu:
“Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito.
Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso.
Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas.
Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.
Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”, disse.
O presidente, durante seu discurso, defendeu que o multilateralismo precisa ser revitalizado, assim como a própria ONU, com a inclusão de mais países à posição de voto nas grandes decisões internacionais. Lula manteve agenda com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
Crédito: Agência Gov
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