sexta-feira, outubro 3

Oficina destaca integração para vigilância de síndromes respiratórias no Paraná

Após ser reconhecido como referência nacional no enfrentamento das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs), o Paraná deu mais um passo estratégico ao sediar, nesta semana, uma edição da Oficina Mosaico, parte integrante do Projeto Vigiares. A iniciativa é proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e implementada em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Instituto Todos Pela Saúde.

O objetivo é aprimorar a capacidade do Estado em detectar e responder rapidamente a eventos que possam se tornar emergências em saúde pública, fortalecendo a integração entre as áreas de vigilância, assistência e laboratórios.

No Paraná, a oficina focou no preparo das equipes para lidar com a sazonalidade dos vírus respiratórios, utilizando casos fictícios para simular e debater as melhores estratégias de enfrentamento de eventos que possam acontecer originados por um novo vírus ou que em determinadas situações acometa populações mais vulneráveis.

De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, a análise do grupo reflete o compromisso de todos os envolvidos na vigilância e controle dessas doenças. “Quero agradecer ao Ministério da Saúde, Opas, Conass e nossa equipe capitaneada pela Diretoria de Atenção e Vigilância. O trabalho foi e está sendo feito e a segurança em saúde é essencial. Por isso, estamos sempre em aprimoramento no Paraná”.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Emergências Virais da Fiocruz, Marilda Siqueira, elogiou o desempenho do Paraná e afirmou que o Estado está bem preparado, com equipes bem estruturadas. Ela atribuiu esse sucesso ao esforço e aos investimentos em infraestrutura e capacitação por parte da secretaria estadual e das secretarias municipais.

“Aqui há uma boa vontade muito grande de avançar em pontos que ainda apresentam desafios. Temos certeza que o estado do Paraná, assim como os municípios, conseguirão vencer, pois há investimento em capacitações e em infraestrutura. O Paraná tem base sólida e robusta construída ao longo dos anos”, observou Marilda.

PROPOSTAS DE APRIMORAMENTO – As propostas de melhoria de processos serão formalizadas em um documento preparado pela organização da oficina e, depois, encaminhado para a Secretaria de Estado da Saúde. Segundo a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde, Maria Goretti David Lopes, o documento será analisado e discutido coletivamente com todas as áreas envolvidas para construção de um plano de ação de aprimoramento permanente.

“Quero fazer esse compromisso com todos que estão aqui, nós vamos elaborar juntos esse plano. Traremos algumas informações importantes da nossa rede de atenção à saúde, porque o que queremos é fortalecer a saúde no Paraná. Sintam-se todos envolvidos e, assim que possível, juntos faremos o plano de ação de enfrentamento a vírus respiratórios no Paraná,” afirmou a diretora para os representantes de todas as equipes presentes.

De acordo com o assessor técnico do Conass, Nereu Mansano, o objetivo é que todos os estados estejam preparados para enfrentar futuras situações, como a pandemia da Covid-19, destacando que o papel do Conass é fortalecer a capacidade dos estados para responder a essas emergências. Mansano também já havia reconhecido a estrutura organizada de Unidades Sentinela do Paraná para a vigilância da síndrome gripal e classificou o sistema como o mais abrangente do país.

O Paraná é o único estado em que as Unidades Sentinela fazem uma coleta regular de amostras de todos os casos de síndrome gripal para a pesquisa de quais são os vírus que estão circulando.

“A Oficina Mosaico apoia a preparação do Estado para elaboração de um plano de ação de resposta a futuras emergências por vírus respiratórios. O nosso papel é fortalecer a capacidade dos estados em responder a essas emergências”, explicou Mansano.

TENDÊNCIAS E SAZONALIDADE – O coordenador-geral de Vigilância da Covid-19, Influenza e Outros Vírus Respiratórios (CGCovid), Marcelo Gomes,  apresentou dados sobre os vírus respiratórios em circulação no Brasil, os padrões de sazonalidade de cada um e como afetam as regiões do país, com recortes especiais sobre o Sul. Ele chamou atenção para a incidência de Flu A, o vírus influenza tipo A, neste ano no Paraná e o padrão de tendência para o próximo ano.

“A situação esse ano, especialmente para a gripe, para a influenza, foi muito atípica em termos de volume de casos, de internações. O que a gente observou foi muito diferente do que a gente vinha observando nos anos anteriores, e isso em todo o país. A grande diferença é como cada estado conseguiu lidar com essa pressão completamente atípica. E o Paraná, felizmente, foi um estado que conseguiu se articular para reestruturar e reorganizar a sua rede de atenção para lidar com essa pressão adicional que surgiu completamente fora de escala, fora do padrão”, comentou.

ESTRATÉGIAS DE SUCESSO – Entre as ações que permitiram ao Paraná atravessar os meses mais críticos sem decretar estado de emergência em saúde pública, ao contrário de outros estados do Sul e Sudeste, as equipes destacaram estratégias como a antecipação da vacinação contra a gripe, a abertura de 204 leitos de enfermaria e de UTI para dar suporte à demanda de SRAG, aquisição de 100 mil testes rápidos para diagnóstico e integração das redes de atendimento em todo o Estado, além das campanhas de conscientização reforçadas diariamente nas mídias sociais e veículos de imprensa.

A campanha de vacinação foi fundamental para o sucesso do controle das doenças. O Paraná ocupa atualmente a terceira posição em número absoluto de doses de vacina aplicadas e o terceiro lugar em cobertura vacinal no país. Foram 3.799.644 doses aplicadas neste ano, o que representa 55,37% de cobertura sobre os grupos prioritários (gestantes, crianças e idosos).

Fonte: AEN PR