O Paraná Faz Ciência 2025, maior evento de ciência, tecnologia e inovação do Estado, foi palco do lançamento de um trabalho inédito: a primeira pesquisa de Percepção Pública de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná, apresentada em livro. A obra reúne resultados de um levantamento realizado com mais de 2,6 mil entrevistas em todas as macrorregiões e busca compreender como os paranaenses enxergam a ciência, quais áreas despertam maior interesse e de que forma a população se relaciona com os espaços de divulgação científica.
O estudo foi elaborado dentro do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – Napi Paraná Faz Ciência e coordenado pelos professores Rodrigo Arantes Reis (UFPR), Tamara Dias Domiciano (UFPR) e Débora de Mello Gonçales (UEM), escrito em parceria com os pesquisadores Emerson Joucoski (UFPR) e pelos graduandos Vitor Yuji Kiemo (Estatística UFPR) e Débora de Mello Gonçalves Sant’Ana (Ciência Biológicas UFPR). No Brasil, apenas outros dois estados já fizeram pesquisas semelhantes, São Paulo em 2010 e Minas Gerais em 2016.
Segundo o professor Rodrigo Reis, a pesquisa, realizada em tempo recorde, seguiu modelos nacionais e internacionais. A consulta popular ouviu 2.684 pessoas acima de 16 anos, em 88 municípios, distribuídos pelas dez mesorregiões paranaenses.
Os resultados trazem retratos inéditos da percepção da população paranaense. No quesito Confiança na Ciência, o Paraná apresentou índice de confiança de 0,93 nos pesquisadores de instituições públicas, número muito superior à média nacional, que gira em torno de 0,66. Os cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa são a fonte de confiança superior aos médicos (0,89), que lideraram o levantamento nacional de 2023.
A educação foi apontada como tema de maior interesse da população, superando campos tradicionalmente em destaque, como medicina e meio ambiente. O agronegócio foi identificado como a principal área de ciência e tecnologia no Estado, no quesito potencial regional.
A professora Tamara Dias Domiciano reforçou que, apesar do grande interesse demonstrado, ainda há barreiras para o acesso da população à ciência. “Muitas vezes o espaço até existe, mas não é acessível, porque funciona em horários incompatíveis, fecha nos fins de semana ou só atende com agendamento. Outras vezes, simplesmente não há divulgação”, explicou.
Para ela, superar esses obstáculos passa por ações de itinerância e pela ampliação de políticas de divulgação científica. “É preciso mostrar que a universidade pública é gratuita, aberta e possível para todos. Com mais acesso a museus, feiras e atividades itinerantes, conseguimos interiorizar a ciência e despertar na população o interesse pelo ensino superior”, completou.
O livro será disponibilizado para download gratuito no site do Núcleo de Apoio ao Paraná Faz Ciência (Napi), e exemplares impressos serão entregues nas instituições de ensino.
PARANÁ FAZ CIÊNCIA – O lançamento durante o Paraná Faz Ciência reforça o papel do evento como espaço de integração entre pesquisadores, estudantes, gestores e a comunidade. Coordenado pela Unicentro, o Paraná Faz Ciência 2025 é financiado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio da Fundação Araucária (FA). O evento integra a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e tem como tema “Ciência, Tecnologia e Inovação na ação contra a mudança global do clima”.
O objetivo do evento é disseminar a ciência, ocupando não só os espaços da universidade, mas também o imaginário da população com atividades que unem conhecimento, cultura, diversidade e inovação. A programação, intensa e interativa, reúne mostras científicas, feira de profissão, oficinas, exposições, apresentações culturais e fóruns de debate. O Paraná Faz Ciência segue aberto ao público até a próxima sexta-feira (03).
Fonte: AEN PR