A Polícia Penal do Paraná (PPPR) vem fortalecendo seu papel no enfrentamento à violência contra a mulher por meio do Programa Mulher Segura, iniciativa da Secretaria da Segurança Pública (SESP). Desde agosto, já foram 54 palestras em diferentes regiões do Estado, envolvendo servidores, custodiados, familiares e comunidades em situação de vulnerabilidade social. A programação segue até dezembro, com encontros previstos em todas as nove regionais administrativas da corporação.
As atividades são coordenadas pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento Penitenciário (Espen) da PPPR e contam com apoio da Polícia Militar do Paraná (PMPR). Para ministrar os encontros, os policiais penais passaram por capacitação específica e atuam em duas modalidades: a palestra “Mulher Segura”, voltada ao público feminino, e “De Homem para Homem”, que trabalha a prevenção a partir da reeducação masculina.
A diretora da Espen, Josiane Scremin, destaca a importância do programa, dentro e fora do sistema prisional. Segundo ela, as palestras conscientizam homens e mulheres sobre prevenção, consequências e implicações jurídicas e sociais da violência, além de levar reflexão ao ambiente prisional. “É uma oportunidade de oferecer mudanças, quebrar ciclos agressivos e transformar comportamentos. Como mulher, sinto orgulho e honra em compartilhar essa causa nobre e urgente, que pode salvar vidas e promover uma sociedade mais justa e segura”, afirma.
AÇÕES PELO ESTADO — Em Londrina, por exemplo, cerca de 30 participantes acompanharam a palestra na Penitenciária Estadual II – Unidade de Progressão (PEL II–UP). O diretor da unidade, Michel Hildebrand, ressaltou que a iniciativa aposta na responsabilização e reeducação dos autores de violência. “O ciclo de palestras ‘De Homem para Homem’ tem um papel essencial no combate à violência doméstica, justamente por trazer uma abordagem que vai além da punição, apostando na reeducação e na responsabilização dos homens que cometem violência”.
A policial penal e palestrante Francieli França, que conduziu a palestra em Londrina, reforçou o alcance das ações e a importância de disseminar o conhecimento sobre o tema para a população em geral. “As palestras sempre atingem diversos públicos, relacionados ou não à Polícia Penal. Os participantes se mostram o tempo todo interessados, considerando que a grande maioria conhece ou já conheceu ao menos uma mulher que sofreu algum tipo de violência doméstica”, destaca.
Na regional administrativa de Umuarama, a ação mobilizou servidores e estagiários. O coordenador regional, Arnobe Lemes dos Reis, reforçou que a violência contra a mulher deve ser enfrentada com informação e educação, uma vez que carrega elementos culturais enraizados. “Informação gera conhecimento. Por isso, a violência contra a mulher deve ser enfrentada com ações educativas, pois carrega um forte componente cultural, enraizado em padrões que precisam ser transformados”.
A policial penal Fernanda Patrícia acrescentou que a atividade também serve como incentivo para denúncias. “Muitas mulheres que sofrem abuso deixam de denunciar por falta de conhecimento ou por medo, um cenário que vem mudando no Paraná justamente pelas ações que vêm sendo desenvolvidas no Programa”.
As ações também vêm sendo ampliadas para além do sistema prisional. Em Cascavel, uma palestra realizada em um CRAS reuniu mais de 30 mulheres em situação de vulnerabilidade social. Para a coordenadora da unidade, Jordana Gabriela Maccarini Busquet, a parceria com a PPPR trouxe informação e orientação fundamentais, que reforçam as ações de combate. “O público atendido aqui é, em sua maioria, de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Temos um elevado índice de violência doméstica neste território, o que nos motivou a promover a atividade. Mesmo com campanhas recorrentes, nunca é suficiente diante da gravidade da situação”.
Até dezembro, as palestras do Programa Mulher Segura continuarão a ser realizadas em todas as regionais administrativas da Polícia Penal do Paraná, sempre adaptadas à realidade de cada localidade, reforçando a missão de prevenir e combater a violência em todo o estado.
Fonte: AEN PR