
Com o objetivo de fortalecer a resiliência das bacias hidrográficas de Londrina por meio de Soluções Baseadas na Natureza, a Prefeitura de Londrina firmou um protocolo de intenções com o Centro Técnico para a Redução do Risco de Desastres, Sustentabilidade e Resiliência Urbana (DiMSUR), sediado em Moçambique. O protocolo também engloba a Secretaria de Estado da Inovação e Inteligência Artificial (SEIA), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), que vão contribuir com sua expertise técnica.
O protocolo de intenções foi assinado na tarde de segunda-feira (29) pelo prefeito de Londrina, Tiago Amaral, acompanhado do secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Marcos Rambalducci; do diretor técnico do DiMSUR, Nuno Ibra Hassane Remane, e representantes da UEL, UTFPR, IDR e SEIA. O encontro, realizado no gabinete do prefeito, também teve participação do secretário municipal de Obras e Pavimentação, Otávio Gomes.
Implementado em 2013 pelos governos de Moçambique, Madagascar, Malawi e União das Comores, o DiMSUR tem o objetivo de providenciar o conhecimento técnico especializado sobre questões de redução de risco de desastres, resiliência urbana e adaptação às mudanças climáticas. Sua atuação internacional abrange o desenvolvimento e aplicação de metodologias inovadoras para gestão de riscos, viabilizando a adaptação às mudanças climáticas e fortalecimento da resiliência urbana, e conta com parceria do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
Em Londrina, a parceria oficializada vai promover o desenvolvimento de estudos para elevar o nível de resiliência das bacias hidrográficas do Município – Jacutinga, Lindóia, Cambezinho, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas –, com Soluções Baseadas na Natureza voltadas a proteção e revitalização desse sistema hídrico. Inicialmente, vão receber maior ênfase as bacias dos ribeirões Lindóia, que abastecem os lagos Cabrinha e Norte, e Cambé, dos lagos Igapó.

Para o prefeito de Londrina, Tiago Amaral, essa é a oportunidade de Londrina resolver um de seus principais desafios, que é a preservação de grandes ativos naturais por meio do uso adequado e sustentável. “A gente precisa, realmente, com toda essa leitura aqui, buscar soluções para transformar esse recurso hídrico em potencial positivo. Hoje a população acaba transformando esses pontos de matas, ribeirões, reservas e nascentes em locais para descarte irregular. Precisamos transformar tudo isso em um grande ativo, que é o que ele realmente é, para fins de preservação e de resiliência. Mas, para que isso aconteça, é importante integrar o uso adequado pela sociedade. Preservar não é isolar”, enfatizou.
De acordo com o diretor técnico do DiMSUR, o professor Nuno Ibra Hassane Remane, o Centro Técnico atua não só envolvendo os governos dos quatro países, mas também as comunidades, setor privado e as instituições de ensino. A atuação do órgão em relação às bacias hidrográficas se dá, principalmente, por conta da demanda de Moçambique, país com maior costa banhada pelo Oceano Índico e por onde os principais rios da África Subsaariana ingressam no continente. “A nossa experiência é um pouco derivada disso. A gente trabalha com água e, estamos a falar de bacias hidrográficas, o nosso problema é ou estiagem ou excesso, que são as enchentes, então Moçambique tem cerca de 25 a 27 anos de experiência ativa em trabalho com água. O saneamento, para nós, é uma das questões elementares no trabalho com resiliência climática. Existem muitos outros fatores que também são importantes na resiliência urbana, mas Moçambique tem especialidade em água, seja ela pouca ou muita”, detalhou.

O professor destacou que o protocolo de intenções vai permitir o avanço de propostas, elaboradas de forma conjunta, para proteger as bacias hidrográficas que compõem a área urbana de Londrina. “Essas bacias não são isoladas. E existem fatores que a gente pode controlar, mas também existem muitos outros fatores, como o que acontece agora nos lagos, que a gente não consegue controlar. E é importante termos o acordo, porque as equipes de Londrina são muito competentes, para identificarmos qual a causa do impasse ou do impedimento, pois não há letargia. Ninguém está parado à espera de que a situação passe. Então, vamos averiguar qual é a dificuldade, como a gente pode ajudar ou, proativamente, pode trazer ajuda. Seja essa ajuda técnica ou insumos financeiros que permitam que Londrina chegue às soluções o mais rápido possível”, exemplificou.

Durante a apresentação do plano de atividades para todos os entes envolvidos no protocolo de intenções, o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Marcos Rambalducci, destacou que as soluções precisam ser viáveis e abranger a resiliência em três dimensões – ambiental, econômica e social. “A gente reúne aqui o que tem de melhor na cidade de Londrina, em termos de ciência, de saberes, de tecnologia, de experiência e vontade de pesquisar, para juntar em uma parceria que realmente seja produtiva para os nossos objetivos. É preciso encontrar soluções para o nosso povo e fazermos dessas bacias hidrográficas um lugar onde a nossa população vá para desfrutar, para proteção, para lazer e para ter fonte de renda também. Temos que fazer com que essa equipe de pensadores traga as melhores soluções para aquilo que é um grande patrimônio da nossa cidade, que são as nossas bacias hidrográficas. Aqui, reunimos a expertise das grandes instituições de pesquisa na área, para termos o respaldo técnico e científico para embasar decisões. Se partir somente da Prefeitura, é um projeto que nasce morto. É preciso partir da sociedade para ter respaldo e as coisas acontecerem, com legitimidade e ação social nas futuras intervenções. Estamos em um bom caminho e vamos projetar Londrina como referência nacional e internacional em resiliência climática”, frisou.
O protocolo de intenções prevê a formação de um Grupo de Trabalho, cujos integrantes começam a se reunir semanalmente já no início de outubro. E, por meio desse instrumento, novas parcerias podem ser firmadas posteriormente.
O encontro para assinatura e formalização do documento também contou com a presença da Procuradora Jurídica da UEL, professora Tânia Lobo Muniz; o diretor-geral da UTFPR Campus Londrina, professor Alireza Mohebi Ashtiani; o professor Jorge Alberto Martins, docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA) da UTFPR Campus Londrina; e o pesquisador Dimas Soares Junior, coordenador da Área de Socioeconomia do IDR-Paraná.
Crédito: Prefeitura de Londrina
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