
As vidas dos pequenos Théo, nascido no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, e Alice Vitória, na Maternidade Leila Diniz, na Barra da Tijuca, já iniciaram com grandes desafios. Ambos chegaram ao mundo com 27 semanas de gestação, pesando cerca de 900 gramas e trazendo momentos de angústia para as mamães durante o tempo de internação na UTI Neonatal. Duas vidas que hoje, no mês celebrado como Novembro Roxo, pelo Dia Mundial da Prematuridade (17/11) — que chama atenção para os desafios enfrentados por bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação e para a importância de uma rede de cuidados especializada desde o primeiro momento de vida — celebram a vitória após momentos difíceis.
Cada dia na UTI Neonatal representa uma conquista para esses guerreirinhos. É o espaço onde pequenos progressos, como ganhar peso, respirar sem ajuda ou mamar pela primeira vez, se transformam em grandes vitórias até o tão sonhado momento de alta. Theo, de um mês e meio, alcançou essa vitória após 54 dias internado, e agora vai poder entregar momentos de alegria em casa para a mamãe Emanoela Cristina e para o papai Reginaldo Loiola.
Emanoela buscou o Hospital da Mulher Mariska Ribeiro em setembro, para tratar uma dor de estômago, e acabou descobrindo que daria à luz antes do tempo, devido à Síndrome HELLP — complicação grave da pré-eclâmpsia — descoberta de forma célere pela equipe multidisciplinar da maternidade. Desde o momento do diagnóstico, foram apenas 2h40m para que o Théo chegasse ao mundo, com uma agilidade e acolhimento médico fundamentais para a vida da mamãe do bebê. Hoje a sensação é de alívio de estar levando nos braços o pequeno Theo pra casa, com incríveis 2.090kg após cuidados intensivos na UTI Neonatal.
– A equipe foi muito cuidadosa e muito humana com o Theo na UTI Neonatal. Todo suporte de fisioterapia, fono, foi muito essencial! Foi tudo muito intenso nesse período, mas esse acolhimento é fundamental porque ali nós estamos sendo mães e esse contato com o nosso filho, que eles estimulam, é muito especial. Quando eu soube do diagnóstico, foi um susto muito grande porque eu estava completamente despreparada e a equipe foi maravilhosa. Eles agiram muito rápido em todo o momento. É um alívio muito grande ter o Theo em casa. Foram 54 dias de muita luta e hoje ele alcançou a vitória – disse Emanoela.
A UTI Neonatal também desempenha um papel essencial para as famílias. O acolhimento das equipes é um ponto de apoio emocional e de orientação, onde os pais podem aprender, participar e acompanhar cada avanço do bebê. E foi com a equipe multidisciplinar que a mamãe Naiara Conceição, de 30 anos, encontrou força e acolhimento durante os momentos de desesperança. Alice Vitória, hoje com 3 anos, chegou ao mundo pesando 940 gramas e medindo apenas 36 centímetros. Durante os dois meses que Alice passou internada na UTI Neonatal da Maternidade Leila Diniz, Naiara enfrentou momentos de medo e desespero, enquanto a filha atravessava grandes desafios que são esperados para um bebê prematuro. Mas passados três anos dessa luta, a pequena faz jus ao seu segundo nome e segue vitoriosa, crescendo e seguindo a vida plenamente.
– Ver a Alice bem hoje em dia me dá um sentimento de alívio muito grande. Não parece que é a mesma criança que estava na UTI. Foi muito desafiador lidar com um bebê prematuro, muito desesperador. É uma dor muito grande, mas a equipe da UTI Neonatal estava sempre ali, me acalmando e falando que iriam fazer de tudo para ela sobreviver e que ia dar tudo certo. E deu! Hoje ela está se desenvolvendo bem, fazendo terapia e os tratamentos certinhos. Está crescendo e se desenvolvendo cada dia mais – contou Naiara.
A UTI Neonatal atende bebês de alto risco que precisam de suporte respiratório, controle de temperatura, nutrição especial e acompanhamento multiprofissional. Nesse ambiente, os recém-nascidos contam com tecnologia avançada, capaz de monitorar cada batimento, cada respiração e cada detalhe que pode fazer diferença no quadro clínico. Mas, tão importante quanto os equipamentos, é o olhar humano da equipe — médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais que dedicam conhecimento, experiência e sensibilidade para oferecer o cuidado integral que esses bebês precisam.
– O cuidado humanizado na UTI Neonatal é fundamental, mesmo quando o prematuro está em situação crítica. É um bebê que precisa de vínculo, aconchego e estímulo e isso é o que fazemos na rotina de cuidado. Nós estimulamos a amamentação desde cedo, que é alimento, proteção e afeto, além do contato pele a pele, que ajuda na estabilidade, reduz o estresse e fortalece o vínculo com os pais. Acho que humanização é isso, usar a tecnologia sem perder o toque e o olhar acolhedor – disse a neonatologista da Maternidade Leila Diniz, Vivian Caldas.
Método Canguru
Além dos cuidados intensivos, manter o vínculo dos bebês com os pais é um dos maiores desafios da UTI Neonatal, por conta da longa permanência e, muitas vezes, dificuldade das famílias em acompanhá-los diariamente por conta de suas rotinas. O vínculo afetivo é considerado parte essencial desse cuidado e práticas como o Método Canguru, contato pele a pele entre os pais e o bebê — assim como faz o canguru, animal cujo filhote nasce prematuro e conclui seu desenvolvimento fora da barriga da mãe — para estimular o vínculo familiar durante esse período de internação do bebê. O método têm se mostrado eficaz na recuperação dos bebês e no fortalecimento emocional das famílias.
O primeiro contato com o Theo durante o Método Canguru foi um dos momentos mais marcantes para Emanoela nessa vida de mãe de UTI. Muito emocionada, a mamãe conta que só conseguiu esse contato oito dias após o nascimento devido a prematuridade extrema do bebê.
– Era uma ansiedade muito grande para esse momento! E traz muitos benefícios para o bebê, além de acalmar o coração da mãe também – contou emocionada.
Prematuridade
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera prematuridade todo nascimento antes de 37 semanas de gestação, sendo um dos principais fatores de risco que contribuem para os óbitos no período neonatal, e uma das principais causas os transtornos maternos hipertensivos. No município do Rio, cerca de 23% dos óbitos prematuros em 2025 ocorreram nas primeiras 24 horas de vida e a cada 10 óbitos infantis, seis foram prematuros. Neste ano, cerca de 6,3 mil nascidos vivos vieram ao mundo antes da 37º semana de gestação na cidade.
Para manter os cuidados durante a gravidez, é fundamental o acompanhamento regular do pré-natal, a realização de consultas e exames, a manutenção de hábitos saudáveis e o acolhimento pelos profissionais de saúde que acompanham cada caso. Na rede municipal, todas as gestantes têm garantia de acompanhamento pré-natal com equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro e dentista nas unidades de Atenção Primária. O primeiro atendimento é realizado na clínica da família mais próxima, que pode ser consultada na plataforma Onde Ser Atendido.
Os bebês prematuros, depois de nascidos, são mais suscetíveis a infecções respiratórias e têm esquemas diferenciados de vacinação. Para isso, a coordenação do Programa de Imunizações e de Saúde da Criança do município do Rio criou um cartão informativo do prematuro, facilitando para os pais o acesso à informação sobre as vacinas especiais indicadas para esse grupo.
O município do Rio também conta com 13 maternidades, sendo cinco dentro de hospitais, e 299 leitos para cuidados intensivos e intermediários, com equipes capacitadas e multiprofissionais que atuam de forma integrada para garantir o melhor desenvolvimento dos pequenos pacientes. Além disso, o município conta com sete Bancos de Leite Humano que auxiliam no aleitamento de bebês internados nas UTIs Neonatais.
Crédito: Prefeitura do Rio de Janeiro
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