Segue em andamento a operação conjunta de fiscalização e orientação nos comércios de bebidas alcóolicas, que está sendo executada pelo Núcleo de Proteção e Defesa do Consumidor de Londrina (Procon-Ld) em conjunto com a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Na tarde desta segunda-feira (6), as equipes estiveram em três estabelecimentos que comercializam destilados, cervejas e outros tipos de bebidas para verificar a documentação de origem dos produtos, condições de armazenamento, alvarás e outras situações que podem representar risco aos consumidores.
Essas fiscalizações, que iniciaram na sexta-feira (3), foram intensificadas devido ao aumento de casos de intoxicação por metanol. Em Londrina, não houve nenhuma notificação até o momento, mas dois casos já foram confirmados em Curitiba e outros quatro seguem em investigação no Paraná, nas cidades de Curitiba, Cruzeiro do Oeste, Maringá e Foz do Iguaçu. De acordo com o Ministério da Saúde, os dados até domingo (5) apontam 16 casos confirmados em todo país, sendo a maioria deles (14) no estado de São Paulo, dos quais dois foram a óbito, e mais de 200 estão em investigação.
A principal hipótese é de que essas vítimas tenham consumido bebida alcóolica adulterada, ou seja, que teve sua composição original modificada de forma indevida. Dessa forma, o Procon-Ld e a Vigilância Sanitária estão repassando aos fornecedores, sejam eles comerciantes ou distribuidores, uma Recomendação Administrativa que contém uma série de medidas preventivas, para evitar que essas bebidas adulteradas tenham circulação e gerem novas vítimas.
A proprietária de um dos estabelecimentos fiscalizados nesta segunda-feira (6), Bruna Gonçalves, contou que abriu seu negócio em 2021, período da pandemia por Covid-19, e desde então o cuidado com a origem e procedência dos produtos faz parte da rotina. “A gente compra diretamente das grandes distribuidoras e empresas do setor, tanto pela confiança nos fornecedores quanto pela garantia da originalidade e fornecimento de notas fiscais, que são essenciais pro funcionamento regular da loja. Com as notícias recentes sobre os casos envolvendo metanol, ficamos realmente assustados com a gravidade e a dimensão da situação. É preocupante ver que, em busca de lucro a qualquer custo, algumas pessoas colocam em risco a vida dos consumidores, que muitas vezes não têm como saber o que estão comprando e confiam nos estabelecimentos”, afirmou.
Desde sexta (3), onze estabelecimentos já receberam as equipes de fiscais. E de acordo com o diretor-executivo do Procon-Ld, Bruno Lopes Sebastião, o enfoque principal dessa operações é o caráter orientativo, voltado a todos os perfis de fornecedores de bebidas alcoólicas. “Tanto consumidores quantos fornecedores podem fazer essa fiscalização também, nos produtos que estão adquirindo: sempre ficar atento aos lacres de segurança, rotulagem, procedência e sempre exigir a nota fiscal dos produtos. Concomitantemente a isso, estamos fazendo uma fiscalização, que busca averiguar se existe qualquer indício de falsificação nas embalagens ou no próprio conteúdo das garrafas”, detalhou.
Até o momento, a operação não identificou indícios de fraude ou adulteração envolvendo metanol. Em dois estabelecimentos vistoriados hoje (6), foram encontrados produtos à venda após o prazo de validade, e um deles também estava com a licença vencida, o que resultou em notificação pela Vigilância Sanitária. “No entanto, é sempre bom que o consumidor seja diligente, que verifique a procedência de todo o material que está adquirindo e, em caso de dúvidas, ele pode procurar o Procon-Ld, que nós iremos até o estabelecimento verificar se há indícios de qualquer regularidade. E o trabalho continua, não tem data para terminar. Iremos fazer essa ação enquanto houver a possibilidade desses produtos chegarem em Londrina ou até que essa situação seja normalizada”, enfatizou Sebastião.
Acompanhando a fiscalização, o gerente de Vigilância Sanitária da SMS, Márcio Adriano Porfírio, explicou que o órgão apura quais são as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos comerciais, se possuem licenciamento sanitário e estão regularmente constituídas, se há alguma falha na cadeia de distribuição e qual a procedência dessas bebidas. “Também verificamos se esses produtos vêm originalmente de uma distribuidora idônea ou se têm alguma característica de descaminho. Nós já temos por prática fazer a inspeção em quase todos os estabelecimentos de todo tipo de cadeia de distribuição, tanto de bebida, alimentos, medicamentos ou cosméticos, só que nesse momento estamos concentrando esforços na questão da bebida”, afirmou.
Porfírio acrescentou que denúncias de irregularidades ou suspeitas podem ser feitas diretamente para a Vigilância Sanitária de Londrina, pelo telefone (43) 3372-9400. O horário de atendimento ao público é das 7h30 às 13h, de segunda a sexta-feira. “A falsificação sempre ocorreu em alguns tipos de produtos. Tivemos recentemente o caso dos cosméticos que foram apreendidos, e a bebida é mais uma linha que os falsificadores usam. Infelizmente usaram o produto errado na hora de fazer essa diluição, o que acabou acarretando nesse problema do metanol, mas por enquanto não temos notificação em Londrina”, completou.
Como o metanol não provoca alterações perceptíveis quando presente nas bebidas, a recomendação aos consumidores é que, em caso de sintomas físicos após ingerir bebida alcoólica, procure uma unidade de saúde. Os sinais de intoxicação podem ser confundidos com uma ressaca comum – dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea, especialmente nas primeiras horas após a ingestão.
Crédito: Prefeitura de Londrina
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