sábado, setembro 6

Museu Goeldi adota arte muralista para valorizar o patrimônio e dialogar com o público

Museu Paraense Emílio Goeldi fez parceria com o Museu de Arte Urbana de Belém (Maub) e edital está aberto para todo Brasil até o próximo dia 6. Artistas são convidados a se inspirar para transpor sua criação para os muros do parque e do campus

As fachadas do Museu Paraense Emílio Goeldi serão tomadas por intervenções artísticas vibrantes e de grandes proporções neste mês de setembro. A aliança entre expressões contemporâneas trazidas pelo Museu de Arte Urbana de Belém (Maub) e as riquezas científicas e patrimoniais do Museu Goeldi vai proporcionar às ruas de Belém mais cor e criatividade neste ano de 2025.

Às vésperas de completar 160 anos de fundação, o mais antigo centro de pesquisa da Amazônia transforma seus muros em canais de comunicação com a cidade. A seleção dos artistas será feita por edital do Maub, que está com inscrições abertas até o próximo dia 6 de setembro.

Podem participar artistas e coletivos de todo Brasil. A população está convidada para uma grande celebração no próximo dia 28, quando as intervenções externas no Parque Zoobotânico (São Brás) e no Campus de Pesquisa (Terra Firme) serão apresentadas em meio a um festival gratuito de música e lazer.

Diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior explica que os primeiros passos para a aliança entre os dois museus foram dados há dois anos, quando o Maub promoveu a primeira edição do projeto no Ver-o-Rio, complexo de lazer da capital do Pará e que voltou a receber as manifestações artísticas em 2024.

É uma intervenção muito bonita, de alto valor artístico, e estamos conseguindo realizar este sonho através de uma parceria formal. Assinamos Acordo de Cooperação Técnica com o Maub, possibilitando a captação de recursos”, acrescenta Gabas Júnior. 

Além da parceria entre os dois museus, foi preciso um pouco mais para o pacto de intervenção artística ser selado, conta o diretor. O conjunto arquitetônico e paisagístico, acervo e coleções do Parque Zoobotânico da instituição é tombado como patrimônio tanto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) quanto pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Dphac/Secult) e, por isso, a instituição então fez consulta prévia da proposta inicial do projeto de arte nos muros do Zoobotânico junto aos órgãos federal e estadual, obtendo indicação favorável.

Critérios – Dentre as condições para a pintura dos murais estão o uso de materiais compatíveis com os revestimentos do muro, que incluem material metálico, madeira, alvenaria com argamassa de cimento e barro. As intervenções artísticas deverão ainda ser concebidas de forma reversíveis, permitindo que possam ser removidas sem danos significativos à superfície original.

Museu Goeldi prepara os muros do Parque Zoobotânico para receber as intervenções artísticas (Foto: Erika Morhy/MPEG)

Com o aval dos órgãos que monitoram o patrimônio, o Museu Goeldi encaminhou ao Maub um conjunto de 19 temas alinhados às temáticas da sociobiodiversidade amazônica, no intuito de inspirar os selecionados de acordo com as coleções e pesquisas da instituição. Após o resultado final do edital do Maub e o anúncio dos classificados, os croquis produzidos pelos artistas selecionados serão avaliados por uma equipe de curadores, incluindo representantes do Iphan, do Museu Goeldi e do Maub. 

Entre as sugestões de temas para as artes estão espécies da fauna e flora amazônicas; o patrimônio arqueológico de Monte Alegre, Marajó, Tapajós, Konduri, Koriabo e Maracá; as heranças afro amazônicas; a diversidade linguística amazônica; a ciência e tecnologia indígenas; a importância dos manguezais e a migração de peixes amazônicos; os instrumentos de pesquisa científica; e o barco Ferreira Penna, condutor das equipes de pesquisa e educação científica na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Marajó (PA). Com este direcionamento, os artistas estão livres para criações e depois transpor cores e formas na fachada do Campus de Pesquisa e dos muros do Parque Zoobotânico – excetuando a fachada da Avenida Magalhães Barata, que é constituída, sobretudo, por gradis.

Cidade

A intervenção artística nos muros de duas das três bases físicas do Museu Goeldi reafirma o compromisso do Museu Goeldi, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com a democratização do conhecimento, por meio de uma modalidade de comunicação inovadora. Paralelamente, a iniciativa também abre outro diálogo com a paisagem urbana. “O Maub nasceu para transformar Belém em uma galeria a céu aberto, conectando artistas, instituições e a população. A parceria com o Museu Emílio Goeldi é histórica, porque mostrará como a arte urbana pode potencializar o valor de um patrimônio científico e cultural, tornando-o ainda mais vivo e acessível”, afirma Gibson Massoud, idealizador do projeto.

A realização de arte nos muros do Museu Goeldi é da Sonique Produções e da Oito Quatro Produções, com aprovação na Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocínio da Vale, por meio da Lei Rouanet, sob a chancela do Governo Federal e do Ministério da Cultura.

A transformação dos muros do Museu Goeldi se soma a outras obras em andamento e que estão revitalizando a estrutura do centenário Parque Zoobotânico, o mais antigo do seu gênero no Brasil. Em função das obras, é importante lembrar que o Parque Zoobotânico está fechado para visitações desde o último dia 18 de agosto, com previsão de reabertura no início de outubro. Uma série de serviços de reparos e revitalizações está em andamento nos recintos de animais, além da estrutura predial, que irá abrigar delegações nacionais e internacionais durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro.

Por Erika Morhy. Edição: Joice Santos

Crédito: Agência Gov

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