segunda-feira, outubro 6

Vacina para HPV reduz em até 58% os casos de câncer do colo do útero no Brasil

Pesquisadores da Fiocruz, com apoio da Royal Society e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizaram um estudo que avaliou, entre 2019 e 2023, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) de mais de 60 milhões de mulheres a cada ano, com idade de 20 a 24 anos, para analisar o impacto da vacinação para o papilomavírus humano (HPV) no Brasil. Os resultados indicaram que tomar a vacina reduziu em 58% os casos de câncer do colo do útero e em 67% as lesões pré-cancerosas graves (NIC3).

Publicada revista The Lancet , a pesquisa ainda indicou que o efeito da vacina foi consistente mesmo antes da idade indicada para o rastreamento (25 anos).  De acordo com os pesquisadores, os resultados demonstram o potencial do imunizante como uma das estratégias mais eficazes de saúde pública para salvar vidas e reduzir desigualdades no acesso à saúde.

“O impacto observado no Brasil confirma que a vacinação contra o HPV é eficaz não apenas em países de alta renda, mas também em contextos com recursos limitados. Esse é um passo fundamental rumo à eliminação global do câncer do colo do útero”, destacam os autores do estudo. A análise foi conduzida pelos pesquisadores da Fiocruz Bahia, Thiago Cerqueira-Silva, Manoel Barral-Netto e Viviane Sampaio Boaventura.

Avanços recentes na imunização

Desde 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina contra HPV gratuitamente pelo SUS. Em 2024, o Brasil adotou o esquema de dose única, alinhado às evidências científicas mais recentes. Em 2025, novas diretrizes ampliaram a vacinação para adolescentes de 15 a 19 anos, além de grupos prioritários como usuários de PrEP, imunossuprimidos e pacientes com papilomatose respiratória recorrente.

O câncer do colo do útero ainda é o segundo mais comum entre mulheres brasileiras e representa uma das principais causas de mortalidade feminina. A vacinação é uma ferramenta decisiva para reduzir desigualdades em saúde e aproximar o Brasil da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminar a doença como problema de saúde pública.

Quem pode tomar a vacina contra HPV

Estima-se que 50% a 70% das pessoas sexualmente ativas terão contato com o HPV em algum momento da vida. A vacina protege contra até 98% dos tipos oncogênicos mais perigosos.

Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:

• meninas e meninos de 9 a 14 anos;

• mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos;

• vítimas de abuso sexual, imunocompetentes, de 15 a 45 anos (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto;

• usuários de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de HIV, com idade de 15 a 45 anos, que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto (de acordo com esquema preconizado para idade ou situação especial);

• pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.

A vacina contra HPV está disponível em Unidades Básicas de Saúde. A vacinação é gratuita. Os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) disponibilizam a vacina para pessoas com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos de até 45 anos.

Crédito: Agência Gov

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