A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, recebeu nesta quarta-feira (16) representantes da Prefeitura de Angra dos Reis (RJ), entre eles o prefeito Claudio Ferreti e o secretário de Planejamento André Pimenta, para discutir a crescente vulnerabilidade do município a eventos climáticos extremos. A comitiva apresentou projetos para fortalecer a prevenção e a capacidade de resposta da cidade diante dos desastres.
Os dirigentes expuseram a preocupação com a escalada de desastres nos últimos anos. O prefeito Claudio Ferreti afirmou que a situação exige uma “operação de guerra” para proteger vidas a cada novo episódio.
André Pimenta alertou para a mudança no padrão dos eventos climáticos. “Anteriormente, tínhamos uma recorrência de eventos climáticos de grande magnitude a cada sete ou oito anos, aproximadamente. Contudo, nos últimos três anos, essa frequência aumentou”, apontou o secretário, reforçando a necessidade de uma resposta mais rápida e eficiente.
A ministra Luciana Santos destacou o papel do MCTI no enfrentamento desses desafios a nível nacional. “Estamos acompanhando com atenção a intensificação dos eventos climáticos em todo o país, e Angra dos Reis é uma prioridade. O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de monitoramento e previsão são ferramentas essenciais para que possamos antecipar os desastres e, principalmente, salvar vidas”, afirmou.
A principal demanda da prefeitura foi a modernização dos sistemas de monitoramento. “A gente precisa desses dados em tempo real”, reforçou Pimenta, citando a importância dos pluviômetros funcionando plenamente e da instalação de equipamentos hidrológicos nos principais rios da cidade. “Esses equipamentos podem salvar vidas e são fundamentais para o sistema de alerta”, complementou o secretário.
Cemaden reconhece parcerias e avanços
Em participação por videoconferência, Regina Alvalá, diretora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), lembrou que a parceria com Angra dos Reis existe desde 2011, e que, desde então, os grandes desastres foram precedidos por alertas do centro. “Desde a criação do Cemaden, implementamos uma rede observacional ambiental robusta, com equipamentos que nos permitem monitorar as chuvas com alta frequência, enviando dados a cada dez, e se necessário, a cada cinco minutos para nossa sala de situação”, detalhou Alvalá.
Ela também explicou que o novo sistema Georisk permite a previsão de deslizamentos com até 72 horas de antecedência. “Com este novo sistema, que utiliza uma técnica extremamente útil, conseguimos antecipar em até 72 horas o risco de deslizamentos nas áreas mapeadas do município”, completou a diretora.
Parque Tecnológico e Escola do Mar
A comitiva também apresentou um projeto estratégico voltado à economia do mar, que inclui um parque tecnológico e a criação da Escola do Mar. “Esse polo tecnológico vai formar profissionais. A gente se preocupa com isso”, explicou o prefeito Claudio Ferreti.
O Parque Tecnológico do Mar, inaugurado em março de 2024, já abriga 14 startups e oferece infraestrutura como salas de coworking, auditórios, laboratório de TI, sala de robótica e espaços para ideação e prototipagem (corte a laser e impressão 3D). Além disso, apoia negócios em áreas como dessalinização, cosméticos com algas, energia fotovoltaica flutuante e nitrogênio.
Com orçamento estimado em R$ 3,7 milhões para a construção, e projeto aprovado, a Escola do Mar deve oferecer formação permanente em áreas como oceanografia, engenharia naval, gastronomia do mar, pesca e novas tecnologias. A escola planeja oferecer cursos livres, técnicos e de graduação. “Não queremos só repor mão de obra, mas formar gente especializada, realizar os sonhos dos nossos moradores”, disse Claudio Ferreti.
A Escola do Mar está localizada ao lado do Polo Universitário, próxima ao Estaleiro e ao Terminal Petrolífero da cidade.
Fonte: Agência Gov