quarta-feira, outubro 15

Brasil anuncia compromisso de quadruplicar produção de combustíveis sustentáveis

Dois importantes relatórios foram lançados na Pre-COP e servirão como base para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e impulsionar a transição para energias renováveis

A transição energética foi o destaque do segundo e último dia da Pre-COP, nesta terça-feira (14/10), em Brasília. Durante o evento, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil lançou o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis”, conhecido como “Belém 4x”, iniciativa que busca apoio político de alto nível para a meta global de quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

A meta se apoia no relatório inédito da Agência Internacional de Energia (AIE), “Delivering Sustainable Fuels – Pathways to 2035”

Belém 4x pretende impulsionar globalmente a adoção de fontes energéticas limpas, como hidrogênio e seus derivados, biogases, biocombustíveis e combustíveis sintéticos, capazes de substituir combustíveis fósseis, contribuindo para a descarbonização dos sistemas energéticos e o combate às mudanças climáticas.

“Essa iniciativa busca o apoio do maior número possível de países para emitir um sinal político, inclusive, para os agentes econômicos. Muitas dessas tecnologias são tecnicamente viáveis, mas não são produzidas em escala suficiente”, destacou João Marcos Paes Leme, diretor do departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.

Japão, Itália e Índia já demonstraram apoio à iniciativa brasileira e a expectativa é que mais países se somem ao compromisso internacional durante a Cúpula de Líderes da COP30 – que ocorrerá entre 6 e 7 de novembro, em Belém.

Foco em energias renováveis

Além do relatório da AIE sobre combustíveis sustentáveis, outro estudo importante também foi apresentado na Pre-COP, desta vez focado em energias renováveis e eficiência energéticarelatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), entregue à Aliança Global deRenováveis (GRA) e à presidência da COP30, mostra que, embora o mundo tenha atingido 582 GW de capacidade renovável em 2024, ainda será necessário um esforço adicional de 1.122 GW anuais para cumprir a meta de 2030.

A situação da eficiência energética é ainda mais preocupante, pois melhorou apenas 1% em 2024, bem longe dos 4% anuais que seriam necessários.

 “Esse relatório mostra que estamos avançando ainda mais rápido em renováveis do que imaginávamos, mas precisamos fazer um esforço, especialmente, para dobrar a eficiência energética”, disse o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.

O diretor-geral da Irena, Francesco La Camara, detalhou os passos necessários para acelerar o alcance das metas de transição energética. “A infraestrutura é a primeira coisa, precisamos de uma política interconectada, flexível e equilibrada. Hoje, o mercado ainda está de olho nos combustíveis fósseis, mas as energias renováveis ​​também devem ser projetadas”, comentou. “Acredito que a COP30 esteja no centro de tudo isso porque há essa intenção da presidência da COP de trazer a ação”, acrescentou.

O estudo também mostrou que as economias do G20, a qual o Brasil faz parte, devem liderar o avanço na transição energética, representando mais de 80% das energias renováveis do mundo até 2030. Já as economias mais desenvolvidas, do G7, precisam aumentar a capacidade para cerca de 20% da capacidade mundial nesta década.

Para isso, é necessário incrementar também o financiamento, em especial, dos países em desenvolvimento. O setor privado pode ser um grande aliado nisso, como explica Ben Backwell, presidente da Aliança Global de Renováveis.

“É muito importante que o setor privado trabalhe junto com os governos, junto com o presidente da COP para ver como a gente implementa essa aceleração de renováveis que o mundo concluiu em Dubai. O relatório mostra que 90% dos projetos renováveis são mais baratos e competitivos que projetos de energia fóssil. Então, os renováveis são extremamente competitivos”, destacou.

O estudo apontou, também, o que os países devem fazer para alcançar as metas de transição energética: integrar as metas de energia renovável nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), antes da COP30, em Belém; dobrar a ambição coletiva de NDCs para alinhar-se às metas; e aumentar o investimento em renováveis para, pelo menos, 1,4 trilhão de dólares por ano, entre 2025 e 2030 – o que significa mais do que dobrar os 624 bilhões investidos na área em 2024.

Crédito: Agência Gov

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