quinta-feira, setembro 25

Brasil destaca inovação no diagnóstico do HPV e reafirma prioridade com eliminação do câncer do colo do útero

O câncer relacionado ao HPV é evitável. Todas as mortes por câncer do colo do útero podem ser prevenidas. As ferramentas já existem e precisam estar disponíveis em todos os países”, afirmou a vice-ministra da Saúde do Brasil, Mariângela Simão, ao encerrar sua participação na reunião “Advancing women’s health: leveraging innovative financing and partnerships”, realizada nesta quarta-feira (25/9), em Nova York.

Representando o ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, que não pôde comparecer devido a restrições impostas ao seu visto pelo governo americano, Mariângela destacou que o Brasil reafirma seu compromisso com o acesso universal à prevenção e ao tratamento, alinhado à estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) de eliminação do câncer do colo do útero. O país defende maior cooperação internacional para assegurar financiamento sustentável, transferência de tecnologia e equidade no acesso à inovação.

Um dos pontos centrais da fala foi o avanço no diagnóstico precoce, com a aprovação da mudança no rastreamento do câncer do colo do útero. O Brasil está substituindo a citologia pelo teste molecular de DNA do HPV, que detecta 14 genótipos do vírus. Produzido nacionalmente, representando um passo importante na soberania em saúde, o exame é destinado a mulheres de 25 a 64 anos e permitirá ampliar o intervalo entre testagens para cinco anos e deve estar disponível em todos os estados até o fim de 2025.

Este é um passo decisivo para o diagnóstico e tratamento precoce e uma ferramenta essencial para reduzir filas na atenção especializada e salvar vidas”, reforçou a vice-ministra.

Mariângela também apresentou os avanços na vacinação contra o HPV, introduzida em 2014 e oferecida de forma universal e gratuita a meninas e meninos de 9 a 14 anos, e mais recentemente para 15 a 19 anos, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que neste ano completa 35 anos. O Brasil está entre os poucos países a adotar essa estratégia em escala nacional, e já ampliou a oferta para populações em maior risco, incluindo pessoas vivendo com HIV, imunossuprimidos, sobreviventes de violência sexual e usuários de PrEP.

Apesar do progresso, desafios como a baixa cobertura vacinal (82% entre as meninas e apenas 67% dos meninos) e a desinformação persistem. Em resposta, o Brasil aderiu à estratégia de dose única para adolescentes, alinhada às recomendações da OMS, e vem ampliando parcerias com sociedades científicas e movimentos sociais para fortalecer a confiança da população. Outro avanço é a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Instituto Butantan e a MSD, que visa alcançar a produção integral da vacina contra o HPV no país.

Com mais de 213 milhões de habitantes e 5,5 mil municípios, o Brasil reafirmou na ONU sua determinação em mobilizar esforços nacionais e internacionais para combater o HPV e os cânceres relacionados ao vírus. “O caminho para eliminar o câncer do colo do útero passa por vacina, diagnóstico e tratamento oportuno. Estamos prontos para avançar com nossos parceiros globais”, concluiu Mariângela Simão.

O diretor executivo da Unitaid, dr. Philippe Duneton, defendeu que investir na saúde das mulheres é essencial para transformar a saúde pública de forma mais ampla.

Não se trata apenas de oferecer assistência técnica ou soluções médicas isoladas, mas de adotar uma abordagem integrada, baseada em ciência e cooperação internacional”. Philippe ressaltou que avanços recentes demonstram a importância da liderança compartilhada entre governos, ONGs e comunidades, reforçando que a saúde das mulheres deve estar no centro das agendas de investimento e inovação. Para ele, “esse é um caminho transformador, capaz de ampliar resultados em saúde e garantir um futuro mais equitativo”.

Também estiveram presentes no debate de alto nível: o ministro da Saúde de Ruanda, Dr. Sabin Nsanzimana; minister Delegate for Feancophonie and International Patnersships (França), M. Thani Mohamed-Soilihi; Head of Secretariat Global Financing Facility (GFF), Mr. Luc Laviolette;e o diretor executivo da Unitaid,Tenu Avafia.

A convidada Karen Nakawala, paciente diagnosticada com câncer cervical e fundadora da Teal Sisters Foundation, deu um depoimento inspirador.

“Receber o diagnóstico de câncer cervical foi devastador, mas o mais difícil foi contar para minhas filhas”, afirmou Karen Nakawala. Ela destacou que muitas mulheres ainda enfrentam estigma, vergonha e dificuldades de acesso ao rastreamento e tratamento, especialmente em países de renda média e baixa.

A fundadora criou a Teal Sisters Foundation para oferecer voz, coragem e acesso a cuidados que salvam vidas, reforçando que mulheres empoderadas impactam positivamente suas famílias e comunidades.

Karen ressaltou que a ciência e a inovação já oferecem ferramentas eficazes, como vacinas contra o HPV, testes de triagem de baixo custo e tratamentos eficientes. Segundo ela, o que falta agora é vontade política e investimento sustentado. “Se agirmos juntos, o câncer cervical pode deixar de ser uma história de dor e se tornar uma história de esperança para todas as mulheres do mundo”, concluiu.

Regina Xeyla
Ministério da Saúde

Crédito: Agência Gov

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