quarta-feira, setembro 24

Hospital da Mulher Mariska Ribeiro promove musicalização para crianças atípicas

A maternidade promovem consultas terapêuticas integradas envolvendo ritmo, melodia e risadas para estimular crianças atípicas – Nicole Teodozio/SMS

“Quem canta, seus males espanta”. No Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, unidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, isso não é só um ditado. Desde 2014, os profissionais do Núcleo de Atenção Integrada ao Recém Nascido de Risco (NAIRR) da maternidade promovem consultas terapêuticas integradas envolvendo ritmo, melodia e risadas para estimular crianças atípicas. Brinquedos barulhentos, instrumentos musicais e caixinhas de som fazem parte da rotina dos irmãos Jean e Audrey, de 6 e 7 anos. A mãe, Cristiane Silva, conta que a terapia se tornou fundamental para a família, já que ambos estão no espectro autista (TEA).

– A música é primordial para o desenvolvimento, para acalmá-los – relatou Cristiane.

Para ela, seus filhos certamente gostariam de parar o tempo durante as consultas com musicalização, especialmente quando escutam os acordes que introduzem a canção “Areia”, de Sandy e Lucas Lima. A mãe conta que a música, sempre presente na playlist de casa, foi peça-chave no processo terapêutico de Jean, que apresentava maiores dificuldades cognitivas.

– Ele não interagia, ficava muito agitado e daí a música acalmava – contou.

A médica pediátrica Denise Moreira, que acompanha os irmãos desde o nascimento, explica que a melhora no quadro de Jean foi significativa após a intervenção musical, e que tudo mudou durante um exercício de associação.

– Eu perguntei: ‘Mãezinha, qual é a música que ele gosta?’ Aí colocamos e, como num passe de mágica, tinha os lápis coloridos em cima da mesa e eu perguntei: ‘Cadê o lápis vermelho?’ Ele pegou. ‘Cadê o lápis azul?’ Ele pegou – relembrou a médica.

A fonoaudióloga Isabela de Almeida, que também acompanha o caso de Jean e de outras crianças do NAIRR, explica que a musicalização é uma intervenção em casos de risco, com objetivo de garantir o desenvolvimento emocional, cognitivo e motor dos nascidos no complexo neonatal da unidade.

– A criança aprende através do sensorial, do corpo. E ela usa esse corpo para brincar. Então, quando você traz a música como uma ponte para ela chegar naquele objetivo, isso facilita muito.

De acordo com a profissional, o valor efetivo também é um fator importante da musicalização:

– Tem crianças que nem falam, mas cantam. Porque elas estão tão à vontade ali naquela dinâmica, naquele universo, que para ela a música traz uma memória afetiva importante e aí ela se sente à vontade para se expressar.

Os benefícios estão presentes também na vida do pequeno Calebe que, prestes a completar o primeiro aninho de vida, é frequente nas sessões de musicalização. Sua mãe, Priscila Pires, percebe no dia a dia a melhora do filho, diagnosticado com síndrome de down. Ela conta que faz questão de manter o contato com a música em casa.

– De lá para cá, ele está tendo um salto, já vira sozinho, consegue se apoiar com os braços, se alimenta. Está progredindo com todo o suporte e apoio desse projeto nos ajudando. Toda vez que ele começa a chorar, quando eu coloco a música, automaticamente ele para. Isso ajuda muito na terapia.

Atualmente, os Núcleos de Atenção Integrada ao Recém Nascido de Risco (NAIRR) estão presentes na maioria dos hospitais maternidades da rede municipal de saúde do Rio e recebem crianças nascidas em condições como prematuridade, síndrome de down e autismo. A musicalização é parte das terapias de intervenção cognitiva do NAIRR do Mariska Ribeiro e funciona de forma integrada, reunindo avaliação de diferentes especialistas de saúde. Para a fonoaudióloga Isabela, esse é um diferencial da prática.

– A gente tenta sempre fazer o atendimento em grupo, porque enquanto eu tô trabalhando uma coisa, a fisio já presta atenção em uma outra situação, uma postura que talvez pudesse ser alterada. Esse olhar holístico faz toda a diferença na hora do atendimento.

Além das consultas individuais, a musicalização terapêutica também está presente em sessões coletivas do neonatal da unidade, realizadas no período das festas juninas e do Natal desde 2023. Só neste ano foram realizados mais de 550 atendimentos pelo NAIRR da maternidade.

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  • 24 de setembro de 2025
  • Crédito: Prefeitura do Rio de Janeiro

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