
Levantamento inédito, que tem caráter experimental, visa a entender como as pessoas foram afetadas no momento das enchentes no estado e, um ano depois, como está a vida delas
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inicia, nesta segunda-feira (15), a coleta da Pesquisa Especial sobre as Enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul (Peers). O levantamento, que tem caráter experimental, visa a entender como as pessoas foram afetadas no momento das enchentes no estado e, um ano depois, como está a vida delas.
A pesquisa será realizada, até o dia 19 de dezembro, exclusivamente pelo telefone (21) 2142-0123. O evento de lançamento ocorreu nesta segunda-feira (15/9), na sede da Secretaria Estadual da Fazenda do Rio Grande do Sul.
Mais de 30 mil domicílios, em 133 municípios do Rio Grande do Sul afetados pela catástrofe, e com número telefônico cadastrado no Censo Demográfico de 2022, compõem a amostra da pesquisa. A divulgação dos resultados está prevista para o primeiro semestre de 2026. A pesquisa é resultado da participação do IBGE na força-tarefa criada pela Presidência da República para ajudar o Rio Grande do Sul após o desastre, o que incluiu a criação do Singed Lab , o laboratório de inovação do IBGE.
Segundo o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, “a inédita pesquisa sobre os impactos das enchentes de 2024 representa um ganho imenso para o conhecimento público, além de subsídios necessários às políticas de atenção às mudanças climáticas”. Ele relembra que “após o imediato esforço concentrado do IBGE no atendimento às vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul, equipe qualificada de pesquisadores do IBGE desenvolveu metodologia de pesquisa especial apresentada ao Consórcio Intermunicipal de Serviços do Rio Pardo, em junho de 2025, para o teste final”.
O diretor-adjunto de Pesquisas do IBGE, Vladimir Miranda, destaca que conhecer a magnitude dos impactos desse evento climático extremo é fundamental. “A pesquisa fornecerá dados relevantes para o planejamento de políticas públicas estruturais e subsidiará a criação de planos de prevenção e resposta rápida a novos desastres climáticos que possam acontecer no futuro”, afirmou. Para a gerente substituta de Estudos e Pesquisas Sociais do IBGE, Juliana Paiva, a Peers é um marco para as estatísticas ambientais. “A pesquisa traz uma abordagem pioneira para medir impactos de desastres naturais, além de ser a primeira vez que uma pesquisa domiciliar é realizada totalmente por coleta remota por telefone”, explicou Juliana.
Os domicílios receberam uma carta sobre a participação na pesquisa, com um pedido para que os informantes salvem o número do IBGE na agenda de contatos e atendam a ligação. As informações serão coletadas diretamente em chamada telefônica para o celular dos informantes e têm sigilo garantido por lei.
Acesse a página da Peers no portal do IBGE.
Como confirmar a identidade do agente de coleta
Cem agentes de coleta do Centro de Entrevista Telefônica Assistida por Computador (Cetac) do IBGE realizarão as entrevistas por meio do número telefônico (21) 2142-0123. O informante pode confirmar a identidade do agente ligando para o número 0800 721 8181 ou pelo e-mail peers@ibge.gov.br . Por esses dois canais, os respondentes selecionados ainda podem agendar dia e horário para a entrevista. Basta informar nome e endereço de recebimento da carta da pesquisa.
Assim que o morador atender o telefonema do número (21) 2142-0123, o agente do IBGE vai confirmar a identidade dessa pessoa e verificar se ela se enquadra ou não nos critérios para resposta. O informante necessita ter estado presente em algum momento no domicílio no período das enchentes, entre abril e maio de 2024, e ter ao menos 14 anos de idade.
Para se efetuar a coleta, o Rio Grande do Sul foi dividido em sete regiões. Na Fase 1, os agentes ligarão para informantes localizados em Alvorada, Arroio dos Ratos, Barra do Ribeiro, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Nova Santa Rita, Porto Alegre , Sapucaia do Sul. A cada período, moradores de uma área receberão as ligações, de acordo com o cronograma abaixo:
15 a 26/9: Alvorada, Arroio dos Ratos, Barra do Ribeiro, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Nova Santa Rita, Porto Alegre , Sapucaia do Sul;
29 a 10/10: Novo Hamburgo, Taquara, Montenegro, Charqueadas (23 municípios);
13 a 17/10: Passo Fundo, Carazinho, Frederico Westphalen, Marau, Erechim, Tapejara, Soledade, Nonoai, Três Passos, Ijuí, Palmeira das Missões, Cruz Alta (25 municípios);
20 a 31/10: Santa Cruz do Sul, Lajeado, Sobradinho, Encantado (39 municípios);
3 a 7/11: Pelotas, Camaquã (6 municípios);
10 a 14/11: Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Nova Prata (11 municípios);
17/11 a 28/11: Santa Maria, São Gabriel, Uruguaiana, Cachoeira do Sul (17 municípios);
1º/12 a 19/12: todas as regiões.
* confira a lista completa com 133 munícipios no portal do IBGE
Pesquisa Especial sobre as Enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul (Peers)
As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul atingiram diferentes segmentos socioeconômicos da população. Entre as referências para o desenvolvimento da pesquisa, estão as recomendações da Comissão de Estatística das Nações Unidas e do Banco Mundial e as experiências internacionais com outros eventos climáticos.
Os objetivos da Peers são avançar na compreensão dos danos sofridos no momento das enchentes, das características socioeconômicas na época das enchentes e do grau de gravidade vivenciado, além de possibilitar conhecimento do tipo de suporte demandado e recebido. Também fazem parte dos objetivos conhecer as condições de vida da população residente em municípios atingidos em 2024 e como está a situação um ano após as enchentes.
Os temas abordados no questionário da pesquisa são: Impactos das enchentes nos domicílios: inundação e acesso, danos físicos, interrupção de fornecimento de água, luz e internet, danos a veículos e/ou perdas de bens de alto valor (móvel, eletrodoméstico, equipamentos de trabalho, aparelhos eletrônicos); Impactos das enchentes nos entornos, bairros e ruas próximas dos domicílios: domicílios danificados, ruas alagadas, rodovias destruídas ou interditadas, pontes quebradas, condições das ruas (lixo, iluminação, segurança), e transporte público; Ocorrências domiciliares e impactos das enchentes na vida dos moradores: resgate (meio de transporte utilizado, responsáveis pelo resgate), ajuda emergencial (primeiros socorros, alimentos ou água), atendimento médico e internação hospitalar/Unidade de saúde, evacuação, danos/perdas de documentos, deslocamento (trabalho/escola/creche ou serviços de saúde), vida social e/ou convívio com a família ou amigos, e saúde física ou mental.
Outros temas do questionário são: Perfil da população atingida: data de nascimento/idade e nível de escolaridade em abril de 2024, cor ou raça, nível de escolaridade, informações de moradia atual e motivo de mudança, rendimento domiciliar em abril de 2024; Educação e trabalho antes e depois das enchentes; Avaliação da qualidade de vida hoje (se piorou ou melhorou após as enchentes ), acesso a serviço de saúde, internet, fornecimento de água, energia elétrica, iluminação, coleta de lixo, limpeza de rua, escoamento de água, esgotamento sanitário e transporte coletivo; Auxílio financeiro público relacionado as enchentes; e Prevenção e recuperação (conhecimento de medidas adotadas e opinião sobre trabalho de recuperação).
Crédito: Agência Gov
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