
Instituição de pesquisa mais antiga da região teve papel fundamental no assessoramento técnico-científico do novo espaço cultural da Amazônia. Presidente Lula fará inauguração oficial do espaço na sexta (3), como parte das entregas para a COP 30
O Museu das Amazônias (MAZ) será aberto ao público no próximo sábado (4/10), em Belém do Pará. Na véspera, é esperada a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viaja à Ilha de Marajó na quinta (2) e no dia seguinte visita obras destinadas à instalação da COP 30 na capital paraense. E por produzir pesquisa qualificada na Amazônia, ao longo de quase 160 anos, e comunicar ciência com talento, o Museu Paraense Emílio Goeldi foi convidado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a participar do processo de entrega do MAZ.
O Museu Goeldi teve papel fundamental ao constituir um comitê técnico-científico interno para colaborar nas fases de escuta e consulta a instituições. Além disso, indicou pesquisadores, temáticas e formas de relacionamento institucional; e contribuiu na formulação da missão e visão do novo equipamento, primeiros passos para elaboração do Plano Museológico. E, ainda acrescentou, elementos fundamentais para o alinhamento do setor educativo.
Todo o trabalho da instituição se deu por meio de Acordo de Cooperação Técnica estabelecido com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG).
O diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, afirma que o novo museu nasce com a missão de democratizar e ampliar o acesso ao conhecimento sobre a região.
O MAZ promoverá também a conservação e o protagonismo local, por meio de experiências inovadoras, em sintonia com a trajetória do Museu Goeldi, que há mais de um século e meio cumpre esse papel e agora o reforça, ao participar ativamente da criação deste novo equipamento cultural.”
Comitê científico
Como unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Museu Goeldi cumpre ritos próprios de uma instituição pública federal. Neste caso, a Portaria MPEG 339/2024 instituiu o Comitê Interno de Assessoramento para Implementação do MAZ, permitindo que, desde outubro do ano passado, o comitê conduzisse uma série de ações estratégicas para o suporte científico do espaço expositivo em gestação. O comitê é composto por oito servidores do Museu Goeldi, sob a presidência de Maria Emília da Cruz Sales.
Dentre as temáticas definidas como norteadoras da atuação do novo equipamento cultural estão aspectos diversos da Panamazônia, incluindo a Amazônia costeira e marinha; as florestas amazônicas e de manguezais; os territórios e maretórios amazônicos; a Amazônia das águas; a Amazônia indígena e negra, além de perspectivas culturais e simbólicas, como as estéticas amazônicas, a Amazônia em verso e prosa, as cosmologias amazônicas, as culturas alimentares, as visualidades, sonoridades e corporeidades amazônicas, as tecnologias amazônicas e a Amazônia urbana.
Ação de escutas
Um conjunto de três rodadas de escutas junto a profissionais e representantes de organizações sociais da Amazônia brasileira e da Panamazônia permitiu a reunião expressiva de elementos para a organização de uma proposta de plano museológico a ser apresentado ao Comitê do Museu Goeldi, ao Comitê Executivo do MAZ e ao Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM) do Estado do Pará. Os parâmetros museológicos no país são estabelecidos pelo Estatuto de Museus e pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
O pioneirismo do Museu Goeldi na Amazônia e no Brasil tem consolidado a instituição como referência tanto na produção de conhecimentos científicos quanto na formação de coleções singulares, como as de Botânica e Zoologia. O Herbário João Murça Pires, por exemplo, conta com mais de 250 mil amostras de plantas coletadas ao longo de 130 anos.
Já na área de Ciências Humanas, a instituição é dotada de um acervo etnográfico com quase 15 mil itens, um acervo arqueológico com cerca de 30 mil peças inteirinhas e um acervo linguístico com 20.000 registros de 80 etnias.
Além das coleções de fósseis, minerais, rochas e solos e das coleções documentais, presentes no Arquivo Guilherme de La Penha e na Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna. No total, são mais de 3 milhões de registros na instituição. Uma das funções essenciais de museus, como o Goeldi, é a salvaguarda da memória coletiva por meio da gestão criteriosa de acervos.
“Conduzir a implementação do Museu das Amazônias enriqueceu, de forma singular, a trajetória do IDG. É um imenso orgulho ter participado desse processo coletivo e transformador que, ao lado de parceiros que integram a história de luta da Amazônia, ampliou nossos horizontes e nos aproximou de importantes causas pelo respeito à natureza, pela ciência e pelos saberes ancestrais”, destaca o diretor-geral do IDG, Ricardo Piquet.
A realização do Museu das Amazônias se dá por meio da parceria entre Governo do Pará, MCTI, Instituto Cultural Vale (ICV), Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e BNDES. Além do IDG e do Museu Goeldi, que integram o Comitê Executivo responsável por estabelecer as diretrizes de comunicação, programação e sustentabilidade financeira do espaço cultural.
Inauguração
O Museu das Amazônias está posicionado em uma área estratégica da capital paraense, onde já se encontra um polo turístico, gastronômico e cultural associado à fundação da cidade e onde está o complexo histórico do Ver-o-Peso. Localizado no Porto Futuro II, às margens da Baía do Guajá, o MAZ será inaugurado pelo presidente Lula, nesta semana, e abre ao público, dia 4, com duas exposições.
No térreo, o público encontrará a mostra Amazônia, do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado (1944-2025), com cerca de 200 fotografias em preto e branco, resultado de sete anos de expedições pela região.
No mezanino, os visitantes podem conferir a mostra Ajurí, concebida pelo IDG, reunindo oito instalações de artistas da região Norte e de outras partes do Brasil, em linguagens que incluem pintura, fotografia, vídeo, escultura e experiências imersivas.
A comissão curatorial do Museu das Amazônias reafirma o caráter coletivo do projeto. Integram a equipe a antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, Francy Baniwa; a ecóloga da Embrapa Amazônia Oriental, Joice Ferreira; e a arqueóloga Helena Lima, do Museu Goeldi.
Abertura pública do Museu das Amazônias (MAZ)
• Dia: 4 de outubro
• Funcionamento: 10h às 20h
• Endereço: Complexo Porto Futuro II – Armazém 4ª. Bairro do Reduto. Belém (PA)
• Entrada gratuita até fevereiro de 2026
Texto: Erika Morhy
Edição: Paulo Donizetti de Souza/Agência Gov
Crédito: Agência Gov
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