
A Amazônia ganhou um novo espaço de conhecimento, arte e reflexão. O Museu das Amazônias (MAZ) foi inaugurado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no complexo Porto Futuro II, em Belém no último sábado (4/10). O espaço nasce como um dos legados simbólicos e científicos da COP-30, celebrando o encontro entre as múltiplas ciências, os saberes ancestrais e as linguagens artísticas.
Acompanharam o presidente, a primeira-dama, Janja da Silva, o governador do Pará, Helder Barbalho e as ministras Margareth Menezes (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima); Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).
Ao visitar as exposições, o presidente Lula, reforçou essa visão ao destacar o valor simbólico e estratégico do novo espaço. “O Museu das Amazônias é um presente do Brasil para o mundo. Aqui, mostramos que o conhecimento e a cultura são ferramentas para cuidar da floresta e das pessoas que vivem nela.”
Entre as curadoras do museu está a ecóloga da Embrapa Amazônia Oriental, Joice Ferreira, que integrou a Comissão Curatorial responsável por conceber a narrativa museológica, baseada na diversidade biocultural da região.
“A base do Museu das Amazônias é científica, mas também sensível. Partimos das evidências e da escuta: o que é essencial transmitir sobre a Amazônia? Que histórias precisam ser contadas? E de que forma a arte pode traduzir essa pluralidade sem perder o rigor da ciência?”, explicou Joice.
Segundo a pesquisadora, o museu é, antes de tudo, um museu das ciências múltiplas — no qual o conhecimento produzido em laboratórios dialoga com os saberes tradicionais, as cosmologias dos povos indígenas, as experiências dos ribeirinhos e a criatividade dos artistas contemporâneos.
Joice destaca que papel da Embrapa na curadoria representa o compromisso da ciência pública com o diálogo entre saberes. “A crise climática é um eixo central do museu — não só como tema de exposição, mas como um chamado à responsabilidade compartilhada. É um convite para compreender que o futuro climático global depende, em grande medida, também acontece nas Amazônias.”
“A Amazônia é biocultural e viva. A arte nos permite materializar a urgência climática de forma sensível, tocando corações e mentes. As obras estão aqui para esse despertar, para lembrar que cada visitante tem um papel. O tempo de agir é agora e temos que valorizar este território importante e tão maravilhoso”, enfatizou a cientista.
Amazônia como solução
A titular da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) Úrsula Vidal, entidade responsável pelo espaço, destacou a importância de todas as ciências, das ancestrais às ocidentais, valorizando a presença da Embrapa e do Museu Goeldi na curadoria e construção conceitual do espaço.
“O MAZ inverte a lógica exótica que por tanto tempo dominou o olhar sobre a região. Não se trata de trazer soluções do mundo para a Amazônia, mas de revelar as soluções da Amazônia para o mundo”, afirmou.
Para Ursula, a Amazônia é um laboratório vivo de resiliência climática. Suas arquiteturas ribeirinhas e indígenas são expressões de adaptação aos ciclos naturais. Ela defende que a curadoria, ao reunir ciência e ancestralidade, propõe um novo paradigma de governança e desenvolvimento sustentável, baseado em respeito, conhecimento e protagonismo local.
O MAZ é inaugurado com duas mostras complementares: Ajuri – concebida pela curadoria tripla formada por Francy Baniwa, Joice Ferreira (Embrapa) e Helena Lima (Museu Goeldi) – e “Amazônia”, do fotógrafo Sebastião Salgado (1944–2025).
Enquanto Ajuri reúne artistas amazônidas e obras imersivas e tecnológicas sobre diversidade biocultural, Amazônia apresenta mais de 200 imagens em preto e branco, fruto de sete anos de expedições do artista, agora homenageado postumamente.
As diversas Amazônias
A Amazônia é composta por nove países que compartilham o bioma amazônico: Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território ultramarino da França).
O Brasil é o país com a maior extensão territorial da Amazônia, abrigando cerca de 60% de toda a floresta tropical do planeta. Essa posição faz do país um ator central nas discussões geopolíticas, ambientais e econômicas da região — especialmente em temas como conservação, soberania, desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas.
Crédito: Agência Gov
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