
Entrevistada pelo Bom Dia, Ministra, titular da Igualdade Racial aponta os destaques da conferência nacional realizada na última semana em Brasília
Entrevistada por rádios e portais durante o Bom Dia, Ministra desta terça-feira (23/9), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, fez um balanço da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), evento que trouxe a pauta para o centro das atenções.
“Toda entrega e resultados vieram das emergências que o povo negro tem enfrentado”, resumiu Anielle
A conferência reuniu mais de 2 mil pessoas em Brasília na última semana e marcou a retomada de um espaço democrático de participação social após um hiato de sete anos. O encontro reafirmou o compromisso do Governo do Brasil com a democracia e a reparação histórica étnico-racial. E permitiu à sociedade civil propor políticas públicas para a promoção da igualdade racial no país.
Foi uma construção coletiva gigantesca. É um orgulho enorme a gente ter conseguido tirar a Conferência do papel e ter feito essa participação social concretamente valer a pena, com quase duas mil pessoas, vários estados e delegações”, disse Anielle
O evento teve como tema principal Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial e os debates resumiram os últimos anos de discussão do movimento negro, cigano, quilombola, indígena, de povos de terreiro. Mais de 500 propostas foram sistematizadas. “Tem muito trabalho que passa por todas as delegações e nos estados com suas peculiaridades, porque é diferente de estado para estado, passa pelas propostas, grupos de trabalho e discussões em grupo, para tirar um texto enorme com demandas voltadas para políticas públicas para a igualdade racial”, destacou.
Demandas
Uma das demandas citadas pela ministra foi a necessidade do avanço na titulação quilombola e a moradia digna. “Esse é um exemplo. Empregabilidade, saúde da população negra dentro desses espaços transversais. Foram vários pontos que saíram da conferência mas que, ao mesmo tempo, já haviam sido debatidos e estudados em todas as caravanas que nós fizemos”, afirmou.
Desafios
Questionada sobre os principais obstáculos para transformar as propostas em políticas efetivas, a ministra destacou que a efetividade depende de articulação federativa.
Para que a política chegue na ponta, a gente precisa dos governadores, dos prefeitos. Esse é um grande desafio. A gente vive uma fase onde a gente precisa cada vez mais lembrar que não é sobre onde voto, mas, sim, sobre cuidar do povo. Na 5ª Conapir, a gente dialogou com todo mundo, independentemente de partido. Todo mundo que estava defendendo um governo humanizado, aquelas pessoas que mais precisam”, disse
Transformações
A titular da Igualdade Racial destacou que o próximo passo é transformar as propostas em ações concretas, considerando o que já está em andamento. “A sociedade civil e o movimento negro construíram conosco mais de 500 propostas que, agora, a sistematização precisa ser pontuada com o que já está em andamento. Você pode chegar em qualquer cargo que queira, mas se você não tiver a vontade de fazer com que isso caminhe, não vai sair do papel”, destacou Anielle.
Equidade racial
A 5ª Conapir, organizada pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Igualdade Racial (MIR), envolveu etapas em todo o país, como conferências municipais e estaduais, além de uma etapa digital na plataforma Brasil Participativo. Houve plenárias específicas para segmentos como quilombolas, ciganos, indígenas, povos de terreiro, mulheres, população LGBTQIA+ e juventude negra, garantindo que as propostas viessem diretamente dos representantes desses grupos
Racismo ambiental
A poucos dias da COP30, Anielle ressaltou que as discussões sobre racismo ambiental dialogam diretamente com os debates realizados na Conapir. Ela lembrou que populações negras, quilombolas e indígenas estão entre as mais impactadas pelas mudanças climáticas e pelas desigualdades. “Tudo o que diz respeito ao racismo ambiental e à COP30 tem sido feito em parceria. Na Conapir muito foi falado sobre isso, desde onde as pessoas vão ficar hospedadas até o que a gente precisa e espera ter como resultado, até porque povos quilombolas e indígenas são agentes culturais que preservam a nossa territorialidade e a cultura ambiental do nosso país”, disse a ministra.
Crédito: Agência Gov
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