
Médico especialista do Hospital Universitário, ligado à Ebserh, dá dicas para evitar riscos do uso prolongado de computadores e celulares para os olhos e para o sono tranquilo
Na era digital, passamos cada vez mais tempo diante das telas, seja trabalhando, estudando ou navegando nas redes sociais. Essa rotina conectada tem gerado novos comportamentos e, com eles, novas palavras para descrevê-los. Um exemplo é o termo downscrolling, do inglês, que significa rolar a tela continuamente, em um movimento quase automático, facilmente observável nos dias de hoje.
Quando passamos horas em frente a celulares ou computadores sem pausas, os olhos são sobrecarregados. Eles precisam fixar constantemente algo próximo, o que cansa os músculos responsáveis pelo foco. A luz intensa das telas, especialmente a luz azul, pode irritar e, a longo prazo, prejudicar as células da retina. A falta de pausas impede o relaxamento dos olhos, aumentando a sensação de cansaço e desconforto.
O oftalmologista do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Napoleão Sousa, explica que, quando rolamos a tela sem parar, os olhos fazem movimentos rápidos e constantes para acompanhar o conteúdo, o que exige muito esforço dos músculos oculares. “Além disso, tendemos a piscar menos enquanto fazemos isso, deixando os olhos mais secos e irritados, o que aumenta o desconforto”, ressalta.
Sinais de alerta
Olhos secos ou com sensação de areia, visão embaçada, dor de cabeça, cansaço ocular, irritação, vermelhidão e até dor no pescoço ou nos ombros, devido à má postura, são alguns sinais de que a visão está sobrecarregada pelo uso excessivo de telas.
A fadiga visual digital pode afetar pessoas de todas as idades. Porém, o especialista destaca que adultos jovens e de meia-idade, que passam muitas horas trabalhando em computadores ou usando smartphones, tendem a sentir mais os sintomas. “Crianças também estão cada vez mais expostas, especialmente por meio de jogos e aulas on-line, o que preocupa, pois os olhos delas ainda estão em desenvolvimento”, alerta o oftalmologista.
Ações preventivas
Medidas simples podem ajudar a aliviar ou prevenir a fadiga visual. Entre elas: fazer pausas regulares; ajustar o brilho e o contraste da tela para não forçar os olhos; posicionar o monitor a cerca de 50 a 70 centímetros de distância e na altura dos olhos, ou ligeiramente abaixo; piscar com frequência para manter a hidratação ocular; usar lágrimas artificiais em caso de ressecamento; manter o ambiente bem iluminado (sem reflexos na tela); e ajustar o tamanho da fonte no celular ou computador para facilitar a leitura.
“A luz azul emitida pelas telas realmente tem impacto sobre a visão e o sono”, explica Napoleão Sousa. “Ela pode causar desconforto e, em exposições prolongadas, irritar a córnea e danificar os fotorreceptores da retina. Em relação ao sono, a luz azul é especialmente prejudicial à noite, pois inibe a produção de melatonina, o hormônio que ajuda a dormir, dificultando o relaxamento e prejudicando inclusive o aprendizado”, salienta.
Óculos adequados amenizam o problema
Sobre os óculos com filtro de luz azul, o oftalmologista explica que eles podem ajudar a reduzir o desconforto ocular em quem passa longos períodos diante de telas. “Esses óculos filtram parte da luz azul, o que alivia os olhos e pode melhorar o conforto, mas seu uso não substitui as pausas e o cuidado com o tempo de exposição, especialmente no caso das crianças”, ressalta. “Para dormir melhor, o mais eficaz continua sendo evitar o uso de telas à noite”, completa.
O médico destaca que é importante procurar um oftalmologista quando os sintomas persistirem. “Se os sinais de fadiga visual não melhorarem com pausas e cuidados simples, ou se houver visão embaçada persistente, dor de cabeça frequente, visão dupla, vermelhidão ou dor nos olhos, é preciso buscar avaliação médica. Isso pode indicar a necessidade de correção visual, olho seco crônico ou até condições mais sérias, como glaucoma”, alerta.
A regra do 20-20-20
A cada 20 minutos, olhe para algo a 20 pés (cerca de 6 metros) por 20 segundos. Essa pausa ajuda a relaxar os músculos oculares e a reduzir o cansaço visual.
• Ajustar a iluminação do ambiente para evitar reflexos;
• Usar o modo noturno nas telas para reduzir a luz azul à noite;
• Piscar intencionalmente para manter os olhos hidratados;
• Manter boa postura para evitar tensão no pescoço e nos ombros;
• Beber água regularmente, pois a hidratação geral também beneficia os olhos.
Sobre a Ebserh
O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares ( Ebserh ) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Maria Carvalho Costa, com edição de George Miranda, da Ebserh
Crédito: Agência Gov
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