segunda-feira, setembro 29

Haddad diz esperar debate racional sobre tarifaço entre Brasil e EUA

Em evento com lideranças econômicas e políticas, o ministro da Fazenda afirmou que as tarifas foram um “tiro no pé” para os EUA e que uma eventual negociação deve separar política e economia

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta segunda-feira (29/9), que os Estados Unidos deram um “tiro no pé” ao impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros exportados para o país norte-americano. Haddad avaliou que foi criado um clima artificial de animosidade entre Brasil e Estados Unidos e diz ter a expectativa de que se inicie uma conversa racional sobre o tarifaço.

No último dia 23, o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontraram brevemente durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e trataram de um possível encontro para discutir economia.

“Acho que foi um tiro no pé deles, totalmente um tiro no pé, inclusive para a economia americana. Não faz o menor sentido pagar mais caro o café, a carne. Eu quero crer que vai se iniciar, em algum momento, um debate racional, primeiro separando o que é econômico do que é político”, disse ao participar da Conferência Itaú BBA Macro Vision 2025.

“Tentar usar tarifa como arma política, na minha opinião, é um equívoco que deveria ser corrigido o quanto antes e estamos trabalhando nessa direção, primeiro para explicar como funcionam os poderes no Brasil”, disse o ministro.

A avaliação de Fernando Haddad é de que o bom senso vai prevalecer e os dois países vão encontrar o caminho da negociação. Ele lembrou que, embora o Congresso Nacional brasileiro tenha aprovado a Lei da Reciprocidade Econômica, o governo não adotou contramedidas tarifárias contra os Estados Unidos e segue na busca por diálogo.

Reformas

O ministro da Fazenda destacou o potencial transformador das reformas aprovadas e em discussão e afirmou que elas podem  impulsionar o crescimento do PIB potencial brasileiro.

“Se olha muito para a questão fiscal, com razão, mas a quantidade de reformas que estão vindo na esteira desse processo, reforma da economia digital, da economia verde, do setor seguro, do setor do crédito, a reforma tributária. Uma quantidade enorme de reformas que estão criando um ambiente de negócios que vão fazer o PIB potencial ampliar, como já ampliou”, disse.

Haddad citou que o Brasil saiu de 1,5% de crescimento potencial para 2,5%. “Na minha opinião, não tem razão para não crescermos mais, podemos crescer na média ou acima da média mundial, como aconteceu dois mandatos iniciais do presidente Lula”

Aos participantes do evento, Haddad disse que em 2026 o governo vai continuar perseguindo as metas estabelecidas pelo arcabouço fiscal e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Ajuste fiscal com olho no social

Haddad afirmou que o Ministério da Fazenda tem uma agenda voltara para melhorar o ambiente de negócios no País, mas pensando em justiça social no bojo da questão econômica.

“Essa dissociação entre o econômico e o social não faz sentido, na minha opinião, para um economista bem informado. Um economista bem informado tem que buscar o bem-estar das pessoas também”, avaliou.


COP30

Ao falar sobre a realização da COP30 em novembro, em Belém (PA), o ministro ressaltou que, atualmente, o Brasil lidera os principais debates teóricos sobre meio ambiente, economia verde e sustentabilidade no mundo.

Ele citou o anúncio feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 23, em Nova York, que o Brasil vai investir US$ 1 bilhão no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O Fundo propõe um modelo inovador de financiamento para a conservação das florestas tropicais.

Para Haddad, a COP30, em Belém, será diferente de todas as outras. “As pessoas vão estar no coração da floresta discutindo o que precisa ser discutido”, disse.

Crédito: Agência Gov

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